Uma dupla dimensão emerge nos santuários. São habituais locais do sagrado que hoje voltam a ser procurados, enquanto locais de peregrinação. O reitor do Santuário de Vila Viçosa admite até “uma dimensão de novidade. O Santuário de Vila Viçosa reveste-se de uma mensagem forte e viva que as pessoas estão a redescobrir que se relaciona com a história e tradição”. O lugar que os santuários ocupam hoje são cada vez mais “espaços fundamentais para o fortalecimento e redescoberta da fé”, afirma Pe. Mário Tavares de Oliveira, Reitor do Seminário de Vila Viçosa e presente na Semana Bíblica Nacional que se dedicou à reflexão do “Santuário, Espaço de Evangelização”. Locais onde circula muitas pessoas, alguns com motivações religiosas, outros que andam à procura de um sentido para a vida e encontram um espaço de paragem e de reflexão, ou mesmo pessoas que andam longe da Igreja e o facto de visitarem estes espaços encontram momentos de comunhão e encontro, ou até motivados interesses culturais e turísticos, “acabam por saborear a atmosfera e a mensagem que se respira nestes lugares”. Os Santuários assumem hoje uma importância enorme do ponto de vista de evangelização enquanto forma os que estão já ligados à Igreja e os procuram com fins espirituais e religiosos. Para os que andam longe “são lugares providenciais” admite o Pe. Mário Oliveira. “Existe um grande divórcio entre as classes intelectuais e económicas que se encontram fora do âmbito da Igreja mas que procuram e encontram nesses lugares. Normalmente não têm frequência paroquial, pois são pessoas sem prática religiosa, mas acabam por encontrar a mensagem da Igreja nos Santuários”. Enquanto lugares de passagem, “os santuários não representam concorrência, mas são espaços de complementaridade”. A mobilidade é um facto da sociedade actual e isso permite que as pessoas se desloquem – “a auto estrada, por exemplo, beneficiou o Santuário em Vila Viçosa, pela aproximação e facilidade nas visitas”. O ritmo normal da vida paroquial é enriquecida com as visitas ao santuários que só vêm enriquecer a experiência das paróquias. “Possibilitam um reencontro para os que estão longe das comunidades”, explica o Reitor do Santuário de Vila Viçosa que garante que as “experiências de reaproximação são muitas”. Uma proposta decorrente da mesa redonda que juntou os Reitores dos Santuários de São Bento, Sameiro, Fátima e Vila Viçosa é motivar a um maior diálogo entre reitores dos Santuários. “Para que não se transformem apenas em lugares onde se vão queimar velas, mas para que se convertam verdadeiramente em espaços de evangelização”. “Estes locais podem oferecer propostas válidas como experiência de fé”, garante o Pe. Mário Oliveira e tornar-se cada vez mais espaços de evangelização. Para isso, precisam ser também espaços de formação. O Santuário de Fátima foi referido como modelo, porque é um lugar onde “se encontra uma verdadeira universidade por onde passam imensos grupos em formação, tanto a nível nacional como internacional”. Os Santuários devem ser lugares de propostas de formação, de evangelização, para que a fé dos cristãos não tenha apenas a dimensão do religioso, mas também a dimensão mais profunda e consciente. Estão a dar-se passos para se constituir uma associação de reitores e de Santuários a nível nacional. Esta foi uma proposta avançada e que ganhou eco entre os reitores. “Quanto mais nos aproximarmos e interagirmos melhor conseguiremos responder ao que as pessoas querem e sobretudo ao bem da Igreja e o anúncio do Evangelho”, finaliza o Reitor do Santuário de Vila Viçosa.