Santuário: «Icónicas procissões» da luz, silêncio e adeus em destaque no primeiro dia do seminário «DesCodificar Fátima»

Próximas sessões acontecem nos dias 17, 24 e 31 de janeiro

Foto: Santuário de Fátima

Fátima, 11 jan 2024 (Ecclesia) – A 3ªedição do seminário online “Descodificar Fátima” arrancou ontem com o tema das “Icónicas procissões do Santuário de Fátima”, uma sessão que registou a adesão de cerca de 200 pessoas.

Os participantes de diferentes países – Portugal, Brasil, Colômbia, Estados Unidos da América, Itália, Japão, Panamá, Polónia, Porto Rico, República Checa e Suíça – escutaram o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, que apresentou as procissões das velas, do silêncio e do adeus.

“Procissão significa caminhar em comum, com um contexto celebrativo”, afirmou, explicando que em Fátima esta é “uma ação litúrgica, mas é também um ato de veneração da Imagem de Nossa Senhora”.

Segundo o responsável, “as procissões são a imagem mais expressiva da veneração a Nossa Senhora de Fátima, pois a procissão permite a proximidade da Imagem aos peregrinos”, informa o Santuário.

O reitor explica que as procissões se realizavam apenas nos dias 13 e que, a partir de 1925, passaram a decorrer dentro do Recinto de Oração do Santuário, com a nota de que antes a configuração do espaço era diferente; antes o percurso seguia desde a Igreja paroquial até à Cova de Iria.

“Entre 1925 e 1927 estruturam-se a procissão das velas e do adeus, e só nos inícios dos anos 80 nasceu a procissão do silêncio”, indicou.

O padre Carlos Cabecinhas abordou a procissão de velas e do adeus como “imagem de marca da mensagem celebrativa de Fátima”, uma vez que são atos contínuos que “chamam a atenção para Fátima como lugar de fé com uma vivência única no mundo”.

“Esta procissão remete os peregrinos para o tema da luz, elemento comum que une todas as aparições de Fátima, enquanto expressão da presença divina por excelência”, disse o reitor sobre a procissão das velas, que se realiza diariamente, da Páscoa ao início do Advento, e a partir daí, aos sábados.

Segundo elucidou, a procissão das velas foi inspirada no Santuário de Lourdes, em França, “onde esta manifestação é prática comum e identifica o próprio santuário”.

“Em Fátima muito depressa os peregrinos começaram a trazer as suas velas para acompanhar as celebrações na Cova da Iria e rapidamente a procissão das velas tornou-se prática comum neste lugar”, manifestou.

“A luz é um tema maior da mensagem de Fátima, em todas as aparições há referencia à luz”

Por outro lado, a procissão do silêncio é original do Santuário de Fátima e “resulta de um movimento funcional, reveste-se de um significado, enriquece com um convite a um silêncio orante”.

De acordo com o padre Carlos Cabecinhas, esta procissão é “marcante pela experiência do silêncio da multidão”, algo “característico de Fátima, até no dia a dia”.

O responsável lembrou as visitas dos Papas a Portugal que ficaram “profundamente marcadas pelo silêncio da multidão”, evocando o exemplo de “quando o Santo Padre chega à Capelinha e a multidão acompanha a oração do Papa em silêncio”.

“A visita ao Santuário de Fátima é convite ao silêncio num mundo ruidoso, e por outro lado é um grande desafio não se perder o silêncio neste lugar”, sublinhou.

No que respeita à procissão do adeus, o reitor do Santuário de Fátima diz que esta “reconduz a Imagem de Nossa Senhora para a Capelinha das Aparições”.

“É o último ato oficial, é um rito de despedida, mas fortemente marcado pela emotividade, saudade que é o que melhor caracteriza esta procissão”, esclareceu, avançando que foi a partir de 1925 que começou a ritualizar-se uma procissão conclusiva.

Atualmente, a procissão do adeus estende-se a todos os domingos desde a Páscoa até ao fim de outubro, sendo um rito de despedida dos peregrinos a Nossa Senhora, caracterizado pela emotividade.

O primeiro dia do “Descodificar Fátima” deste ano foi também marcado pelo tema “Capelinha das Aparições: do interior ao alargamento do espaço”, conduzido pelo diretor do departamento de Estudos do Santuário de Fátima.

Foto: Santuário de Fátima

Marco Daniel referiu-se ao espaço em análise como “lugar de memória” e “lugar do acontecimento”, já que esta construção é fruto da “edificação popular”.

“Por ter sido construída a partir de um desejo que os pastorinhos de Fátima asseguram ter sido transmitido pela Virgem Maria, pela iniciativa popular, este pequeno templo, de traça vernacular, é considerado o coração do Santuário de Fátima, e é ao seu redor que têm lugar as mais íntimas manifestações de fé dos peregrinos da Cova da Iria”, informou.

Dois anos depois das aparições de Nossa Senhora aos pastorinhos, a Capelinha das Aparições foi construída, em 1919, tendo a primeira missa sido celebrada a 13 de outubro de 1921.

“É uma peça de origem popular, não é trabalhada em gabinete de arquitetura, mas tem uma força gravitacional e simbólica que ao longo de um século transporta dos mais diversos pontos do globo pessoas para a sua intimidade”, afirmou.

A segunda sessão do seminário online acontece no dia 17 de janeiro, com Sónia Vazão, do departamento de Estudos do Santuário de Fátima e Marco Daniel.

Esta é o terceiro ano consecutivo em que o Santuário de Fátima promove o seminário online “DesCodificar Fátima” que ao longo de quatro sessões vai abordar oito temas da história e mensagem daquele lugar.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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