Santos Populares: São Pedro é «um agregador de comunidade»

Primeiro Papa da Igreja Católica é celebrado hoje em muitas localidades e, no Montijo, todas as comunidades festejam o padroeiro na procissão marítima e depois nas ruas da cidade

Foto Agência ECCLESIA/HM

Montijo, 29 jun 2025 (Ecclesia) – A festa de São Pedro, no Montijo, é assinalada com duas procissões monumentais que percorrem as ruas da cidade e navegam pelo rio Tejo, numa proximidade com a comunidade piscatória.

António Filipe é neto de pescadores e preside à Sociedade Cooperativa União Piscatória Aldegalense (SCUPA), que prepara uma festa que “vale a pena”.

“Mal a festa acaba ficamos com pena e começamos logo a pensar na seguinte”, afirma António Filipe para quem esta é uma ocasião para “visitar a fé e pedir boas pescarias”.

Foto Agência ECCLESIA/HM

No Montijo, a Igreja Paroquial é dedicada ao Divino Espírito Santo mas, nestes dias, é São Pedro que se apresenta logo à entrada desenhado por lâmpadas que à noite o tornam mais luminoso; no interior, encontramos os andores de diversos santos, patronos de comunidades envolventes que, nesta ocasião se juntam à festa e acompanham São Pedro na procissão.

Luís Sabóia é voluntário na paróquia e destaca o facto de os 22 andores serem “expressão do envolvimento de todos nesta procissão”, que não representam apenas as comunidades, mas também instituições como os bombeiros, escuteiros, Misericórdia e outros.

Florista de profissão, Luís Sabóia assume a decoração dos andores, num concelho, o Montijo, que é, em Portugal, a capital da produção de flores e os cinco maiores produtores oferecem todas as flores para os andores e para as embarcações.

Foto Agência ECCLESIA/HM, Luís Sabóia

No Montijo, a festa de São Pedro acontece pela entrega e pelo sentido comunitário que se experimenta e é o “resultado do trabalho de um ano inteiro”.

Para Luís Sabóia, São Pedro apresenta-se, no Montijo, como o Papa da Igreja e com uma dimensão universal.

“Ele é um agregador da comunidade, e a sua missão é um estímulo para sermos Igreja de portas abertas que acolhe todos”, refere.

António Filipe, da comunidade piscatória do Montijo, destaca os amigos emigrados pela Europa que nestes dias regressam.

“Temos quem marque férias para vir para cá trabalhar na preparação das festas, isto é sinal de uma grande paixão pelas suas origens”, salienta.

A festa religiosa de São Pedro, no Montijo, é composta por uma procissão pelo rio, que vai recolher a imagem do santo à Capela da Base Aérea, transportando-o pelo Tejo até ao Montijo; mais tarde, uma longa procissão conduz a imagem de São Pedro e os demais andores num itinerário pelas ruas da cidade.

A fé também inspira os artesãos e, por isso, o Montijo já vai na 17ª edição da exposição de artesanato “Santos da Casa”, numa mostra marcada pela criatividade na representação dos Santos Populares, destacando-se a figura de São Padro.

Para a vereadora do Turismo da Câmara do Montijo, Marina Birrento, é relevante a a presença de peças de coleções particulares e de peças com valor patrimonial reconhecido pela UNESCO, como os Bonecos de Estremoz.

A exposição “Santos da Casa” pode ser visitada até 11 de julho no Museu Municipal Casa Mora.

As expressões de devoção a São Pedro estiveram em destaque no programa 70×7 deste domingo.

Torres Vedras: Da Senhora da Cátedra a São Pedro da Cadeira

São Pedro da Cadeira é uma localidade junto a Torres Vedras com a particularidade de associar o primeiro Papa da Igreja à cadeira que lhe dá, de alguma forma, o estatuto pontifício.

A imagem que o representa até é recente, é da autoria do atelier Tedim de S. Mamede do Coronado e representa São Pedro como Papa na sua cadeira e com vestes brancas.

O que poucos conhecem é que a antiga igreja era dedicada a Nossa Senhora da Cátedra, tornando-se, com o tempo, pequena para acolher os fiéis.

A construção do novo templo e a sensibilidade teológica dos últimos séculos, achou por bem transferir a denominação para o pontífice que aqui é São Pedro.

Elisa Henriques é zeladora desta Igreja e uma apaixonada pela história e pela preservação do património, confessa que existe uma imagem mais antiga deste São Pedro da Cadeira.

“Ela foi em tempos vendida para o museu do Mosteiro dos Jerónimos, ao que sei, para reparar esta igreja que tinha ficado danificada pelo terramoto de 1755”, recorda.

Elisa Henriques confirma que, quando o culto passou da antiga capela para a atual igreja, a dedicação passou a ser a São Pedro da Cadeira que assim assumiu a cátedra da Senhora venerada na capela, permanecendo neste templo uma réplica de madeira da antiga senhora da cátedra.

HM/PR

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