Padre Manuel Barbosa
Celebramos o Natal em Ano Missionário.
Feliz coincidência, jubilosa graça!
Dizemos, e bem, que somos missão,
a Igreja é missão, a família é missão,
a comunidade é missão,
a vida consagrada é missão.
Missão gerada em Jesus Cristo,
missão assumida no chamamento
para O seguirmos e anunciar,
missão centrada na sua morte e ressurreição.
Nestes últimos dias em que preparamos o Natal,
somos convidados a contemplar a ação
de um Deus que nos ama de tal forma
que envia ao nosso encontro o seu Filho,
a fim de nos conduzir à comunhão com Ele.
O nosso sim só pode ser de obediência
e disponibilidade, de adoração e contemplação.
Tudo tem o seu início na manjedoura
onde está o Menino Jesus com Maria e José,
qual revolução da ternura amorosa
de Deus para connosco.
Aí se inicia a missão.
Contemplemos o Menino Jesus
na sua simplicidade e ternura…
e sejamos missão de modo terno e simples,
compassivo e amoroso,
a começar pelos que estão na nossa casa.
Contemplemos o Menino Jesus
na sua pequenez e humildade…
e sejamos missão em atitude humilde, aberta
e atenta a quem vamos encontrando
e procurando nos caminhos da vida.
Contemplemos o Menino Jesus
na sua beleza e bondade…
e sejamos missão de modo igualmente belo,
vivo, encantador e fecundo
para com todos aqueles e aquelas
a quem nos doamos.
Contemplemos o Menino Jesus
na sua pobreza e nudez…
e sejamos missão de modo sóbrio, pobre
e despojado face às gritantes situações
de desperdício, esbanjamento e mau uso dos bens,
procurando cuidar melhor da nossa casa comum.
Contemplemos o Menino Jesus
no seu rosto radiante de Amor…
e sejamos missão vivendo e anunciando a riqueza
do Amor de Deus encarnado neste Menino,
o Filho de Deus que adoramos.
É quase Natal, o de ontem, de hoje e de sempre,
permanente convite a contemplar
o mistério que acontece perante o nascer da vida.
Contemplação também do rosto do pobre
em Jesus encarnado
e em tantos seres humanos desencarnados.
Estes olhares contemplativos
em concreta ação nunca são facultativos.
São sempre de obrigação, a tal que nos vem da fé
e do acolhimento da Boa Nova,
que envolve atenções, visitações e permanências
junto do pobre, seja ele qual for,
porque sempre rosto de Cristo.
Ai de nós se não contemplarmos!
Que a contemplação do Amor de Deus
em tempo de Natal nos faça contemplar
os próximos com todo o nosso ser e agir.
À semelhança de Maria, procuremos ser
sempre anunciadores de boas novas,
sempre denunciadores de situações
de bradar aos céus e gritar nas terras,
sempre visitadores de pessoas
que exigem o nosso estar e permanecer.
Sejamos cristãos missionários,
levados pelo exemplo de Maria:
apressados no nosso caminhar, concretizando
o mistério profético da visitação do próximo.
Que algo faça mexer e estremecer em nós:
as palavras que nos foram ditas
da parte do Senhor, procurando levá-las
aos irmãos que vivem sem esperança.
Sejamos cristãos missionários,
começando sempre por saborear o nascer de Deus
nos nossos corações e no coração do mundo,
das nossas famílias e comunidades.
É a partir daqui que somos missão,
que somos discípulos missionários de Jesus.
Deixemos que Jesus nasça no nosso coração,
o melhor presépio do mundo,
aderindo a Ele com tudo o que somos,
dando tempo e carinho a quem vive sozinho,
ou está doente, ou é descartado
da sociedade em que existimos,
em gestos de entreajuda e partilha
com quem mais precisa da nossa presença e apoio.
Nestas atitudes tudo somos e temos!
Vivamos um Santo Natal,
fecundado pela ternura de Deus
encarnada no seu Filho Jesus Cristo!
Santo Natal, feliz Missão!
Padre Manuel Barbosa, SCJ
(Secretário e porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa