Santarém: Igreja Católica iniciou inventariação do património mas não sabe quando vai terminar

Processo é «quase milagroso» face aos recursos e «campos de ataque» atribuídos à Comissão para os Bens Culturais

Santarém, 19 Jan (Ecclesia) – A diocese de Santarém iniciou a inventariação do seu património mas ainda não sabe quando vai terminá-la: “O melhor é não estabelecer prazos”, disse à Agência ECCLESIA o director da Comissão para os Bens Culturais.

O trabalho retoma um estudo realizado antes da criação da diocese, em 1975, explicou o padre Joaquim Ganhão, adiantando que a actual investigação tem proporcionado uma “ideia muito mais precisa do património das paróquias e das comunidades”.

“Por vezes chegamos a uma paróquia e está lá um baú que nunca ninguém teve curiosidade de ver, e ao abrir-se encontram-se surpresas”, afirma o responsável, que também salienta a dimensão pedagógica deste trabalho.

“Ao mesmo tempo que se vai fazendo o inventário, temos a oportunidade de sensibilizar para as boas práticas as pessoas que habitualmente manuseiam as peças e cuidam das igrejas”, refere.

O sacerdote prevê que o apuramento dos bens culturais da vigararia de Santarém esteja concluído até ao fim de 2011, iniciando-se então a mesma pesquisa noutras zonas da diocese, um processo que qualifica de “quase milagroso” face aos recursos e “campos de ataque” atribuídos à Comissão.

O departamento integra uma técnica que quando executa trabalho de campo é auxiliada por voluntários locais, incluindo os párocos, tendo já sido equacionada a hipótese de abrir a inventariação a estudantes de arqueologia durante o seu período de férias.

A diocese também tem “estado a braços” com o trabalho, “muitas vezes violento”, da Rota das Catedrais, projecto que o padre Joaquim Ganhão classifica de “muito importante” e “quase decisivo em termos de bens culturais para a diocese”.

A Rota das Catedrais, que resulta de um protocolo entre o Ministério da Cultura e a Igreja Católica, tem como objectivo a requalificação daqueles edifícios.

O responsável referiu-se também ao Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes-Árvore da Vida atribuído em 2010 pela Igreja Católica à diocese de Beja, devido ao trabalho realizado pelo Departamento do Património Histórico e Artístico, entidade homóloga da Comissão para os Bens Culturais de Santarém.

Para o sacerdote, a distinção do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura assinala que é preciso “trabalhar muito para preservar, valorizar e pôr ao serviço da Igreja o património que lhe foi legado”.

“Em Beja tiveram condições muito favoráveis para que esse objectivo fosse por diante, e nós saudamos isso com muita alegria”, afirmou, acrescentando que “em Santarém, com os parcos meios” existentes, vai continuar a ser feito “o melhor possível”.

No entender do padre Joaquim Ganhão é “importante” que estes prémios “abram cada vez mais as pessoas à partilha e a uma capacidade crescente de colocar em comum o trabalho realizado”, dado que “todos ficam a ganhar: o património, a Igreja, a evangelização, a cultura e o próprio país”.

RM

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Agência ECCLESIA

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