A corrupção é um flagelo que atravessa “todos os sectores sociais” e que deve ser combatido para evitar o agravamento da pobreza e da marginalização das populações mais desfavorecidas. A posição é apresentada pela Santa Sé, que deu hoje a conhecer uma nota intitulada “A luta contra a corrupção”. O documento recolhe as conclusões da conferência internacional promovida pelo Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP), em Junho passado. Nesta iniciativa participaram diplomatas, estudiosos e peritos de vários países. O lançamento da Libreria Editrice Vaticana pretende chamar a atenção para um problema “presente em países ricos e pobres, sem limites políticos ou geográficos”. “O fenómeno da corrupção, aumentado pelo processo da globalização, acarreta graves danos para os Estados e populações, mas tem efeitos ainda mais deletérios sobre a dimensão qualitativa e humana da vida social”, pode ler-se na apresentação da nota, disponibilizada pelo CPJP. Para a Santa Sé, a corrupção é favorecida, entre outras coisas, “pela pouca transparência das finanças internacionais e pela existência de paraísos fiscais”. Enquanto a luta pela transparência é muitas vezes “fechada no âmbito de um Estado singular”, o campo de acção dos actores da corrupção “é quase sempre superestatal e internacional”, pelo que é preciso aumentar a cooperação entre os Governos. A Nota cita o Compêndio da Doutrina Social da Igreja para assinalar que “a corrupção política distorce na raiz a função das instituições representativas, porque as usa como terreno de negociata política entre solicitações clientelares e favores dos governantes. Deste modo, as opções políticas favorecem os objectivos restritos de quantos possuem os meios para influenciá-las e impedem a realização do bem comum de todos os cidadãos”(441). A Igreja assume a intenção de desenvolver “um papel cada vez mais relevante na luta contra a corrupção, contribuindo de forma eficaz para a educação e formação moral dos cidadãos”.