Santa Sé desvaloriza manifestações na Turquia

O Secretário do Vaticano para as relações com os Estados considera que as manifestações de protesto na Turquia contra a visita do Papa não devem ser demasiado valorizadas, porque não representam o sentimento geral da população. “Estou certo de que a sociedade turca não deixará de demonstrar mais uma vez o seu tradicional acolhimento”, disse o Arcebispo Dominique Mamberti, numa entrevista ao diário católico italiano Avvenire. O Papa, segundo D. Mamberti, “nunca teve dúvidas sobre a decisão de ir à Turquia”. Este responsável frisou que Bento XVI ali se desloca como “peregrino de paz e de diálogo, que vai a este país seguindo as pegadas de seus predecessores Paulo VI e João Paulo II, e em memória do Beato João XXIII”. Sobre os últimos episódios de violência, apesar de admitir que os mesmos “poderiam suscitar algum compreensível temor”, o Secretário do Vaticano para as relações com os Estados assegura que “a Santa Sé já reagiu no sentido de não os aumplificar para além da sua consistência real”. “Estou certo de que as autoridades civis predispuseram tudo o que é necessário para garantir a segurança e uma tranquila realização da visita”, apontou. Quanto às possíveis repercussões na viagem da polémica gerada pelo discurso do Papa na Universidade alemã de Regensburg, em que mencionou o profeta Maomé e o Islão, Mamberti disse que não há como o caso “não ter influência” sobre a visita. Porém, considerou que esta será “positiva”, dado que o Papa “poderá repetir o que já disse, esclarecendo o seu pensamento sobre a estima que tem pelos muçulmanos, sobre a vontade de dialogar – que não é temporária -, sobre a possibilidade de uma colaboração em prol do homem, superando incompreensões e mal-entendidos”. Uma resposta importante foi dada em relação à questão da adesão da Turquia à União Europeia. O Arcebispo Mamberti ressaltou que não existe uma posição “oficial” da Santa Sé a esse respeito, mas assegura que a diplomacia vaticana “acompanha com grande interesse a questão e ressalta que o debate em curso e as posições manifestadas a favor ou contra a admissão da Turquia na União Europeia expressam que o que está em jogo é de extrema relevância”. “A Santa Sé considera que, em qualquer caso, o país deve responder a todos os critérios políticos estabelecidos na Dinamarca, em Dezembro de 2002 e, no que concerne mais especificamente à liberdade religiosa, às recomendações contidas na decisão relativa aos princípios, às prioridades e às condições contidas no acordo para a adesão da Turquia de 23 de Janeiro de 2006”.

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