Igreja celebra os 800 anos do nascimento de uma das mulheres mais extraordinárias da Idade Média 1. Santa Isabel da Hungria nasceu em 1207 e morreu em 1231, com 24 anos vividos com grande intensidade. Isabel aparece nas páginas da história como Princesa da Hungria, Grande Condessa da Turíngia e Penitente Franciscana. A sua memória litúrgica é no dia 17 de Novembro. Filha do Rei André II e de Gertrudes de Andechs-Merano, casou-se aos catorze anos com Luís IV, Landgrave ou Grande Conde da Turíngia. Teve três filhos: Germano, o herdeiro do trono, Sofia e Gertrudes. Ficou viúva aos 20 anos. Foi canonizada pelo Papa Gregório IX, em 1253. É tia-avó de Santa Isabel de Portugal. 2. Com a morte do marido, a Grande Condessa dá lugar à Irmã Penitente. Ela é a primeira figura feminina que mais genuinamente encarna o espírito penitencial de Francisco de Assis: fé profunda em Deus, vida humilde e serviço aos pobres e doentes. Está na origem da Ordem Terceira Franciscana, Secular e Regular. As Fontes Isabelinas evidenciam o paralelo entre Isabel e Francisco, nomeadamente na sua atitude perante os leprosos e outros doentes e necessitados, cuidando deles com muita alegria. A sua acção no mundo da saúde é uma das páginas mais belas da Igreja medieval. Concretizou na sua vida o ideal das obras de misericórdia. No exercício do cuidado justo aos mais vulneráveis (o seu director espiritual, numa Carta enviada ao Papa Gregório IX, testemunha a sua competência na arte de cuidar) descobre a sua realização pessoal, o seu caminho de santidade. O hospital que fundou em Marburgo (1229) e dedicou a S. Francisco é expressão mais acabada da sua forma de ser. 3. Com Santa Isabel da Hungria, a Igreja e a sociedade ficaram mais enriquecidas. Ao associar-se às celebrações do VIII Centenário Isabelino, o Papa Bento XVI, numa Carta dirigida ao Primaz da Hungria, refere-se à importância que Isabel tem na descoberta das raízes cristãs da Hungria e de toda a Europa, chama-lhe Santa “europeia”. A Conferência da Família Franciscana, na Carta por motivo do mesmo VIII Centenário, depois de apresentar os traços fundamentais da fisionomia humana e espiritual de Isabel, conclui em forma de compromisso: “Se fizermos memória do seu nascimento, da sua personalidade singular e da sua sensibilidade é para que, através do conhecimento e da admiração, também nós nos tornemos instrumentos de paz e aprendamos a derramar um pouco de bálsamo sobre as feridas dos marginalizados do nosso tempo, a tornar mais humano o nosso ambiente e enxugar as lágrimas. Vamos difundir a bondade do coração lá onde, aos olhos humanos, parece faltar a misericórdia do Pai. O seu exemplo e a sua intercessão vão iluminar os nossos caminhos para o Pai, fonte de todo amor: o Bem, Todo o Bem, o Sumo Bem; serenidade e alegria”. 4. Celebrar é progredir. Ficamos todos mais enriquecidos: a Família Franciscana, que celebra também os 800 anos da sua origem e considera Isabel um dos seus pilares na fundação; as instituições da Igreja e da sociedade que a têm como padroeira; e os que vêem em Isabel da Hungria uma referência fundamental para a sua forma de viver. Com a celebração desta data festiva, fica mais vivo o exemplo desta jovem, que viveu tão poucos anos, mas tão intensamente, que se tornou uma das mulheres mais extraordinárias da Idade Média. Frei Hermínio Araújo, OFM