Salesianos: Papa propõe «educação de emergência» para jovens marginalizados

Francisco evocou em Turim os 200 anos do nascimento de São João Bosco

Turim, Itália, 21 jun 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco reuniu-se hoje com os membros da família religiosa salesiana, nos 200 anos do nascimento de São João Bosco (185-1888), seu fundador, e pediu uma “educação à medida da crise”.

“[Dom Bosco] arriscou e por isso tantos falaram mal dele”, recordou, num discurso improvisado perante centenas de consagrados e consagradas na Basílica de Maria Auxiliadora.

Francisco evocou os 40% dos jovens da geração ‘nem-nem’, “nem estudam nem trabalham”, e pediu que os salesianos “tomem conta destes jovens” como o seu fundador, que trabalhou com as pessoas que eram consideradas de “segunda classe”.

A visita de dois dias a Turim decorre no bicentenário do nascimento de São João Bosco (1815-1888), fundador da Sociedade de São Francisco de Sales, os Salesianos, e (com Santa Maria Mazzarello) as Filhas de Maria Auxiliadora, uma família religiosa vocacionada para a educação de jovens órfãos e necessitados.

Francisco, que esteve muito ligado aos Salesianos na sua infância e adolescência, na Argentina, elogiou o trabalho feito através do “desporto” e em particular da “educação”.

Nesse contexto, evocou as “pequenas escolas para ensinar profissões”, de “artes e ofícios”, como exemplo da “educação de emergência”, com uma dimensão “prática” e em pouco tempo.

“A criatividade salesiana deve tomar em mãos este desafio de hoje, educar”, apelou.

O Papa sugeriu a criação de cursos de “seis meses” para iniciar os mais novos numa atividade profissional como exemplo da “educação à medida da crise” que defende para os “meninos de rua”.

“Demos-lhe alguma coisa que seja fonte de trabalho”, apelou.

Francisco deixou de lado o discurso “formal” que tinha preparado para esta ocasião e lembrou a sua devoção a Maria Auxiliadora, o contacto com os padres confessores salesianos da Paróquia São Carlos em Buenos Aires e a frequência em 1949, por um ano, num colégio salesiano, devido à doença da mãe.

O Papa lembrou também o trabalho do padre Lorenzo Massa (1882-1949), salesiano argentino que esteve ligado à fundação em 1908 de um clube de futebol, o San Lorenzo, do qual Francisco é adepto.

“Estou muito grato à família salesiana pelo que fez na nossa vida”, insistiu, sublinhando a importância da formação da “afetividade”.

A intervenção sublinhou a “confiança em Deus” de São João Bosco, “sem cálculos”, e falou de um carisma com “enorme atualidade”.

“Agradeço-vos muito pelo que fazeis na Igreja e pela Igreja”, acrescentou.

Na capital do Piemonte (norte da Itália), o Papa evocou os santos e santas de uma região que no final do século XIX era “maçónica”, anticlerical, com pessoas “demoníacas”.

“Num momento de crise feia, de anti-Igreja, Dom Bosco não teve vergonha de falar de Nossa Senhora, da Eucaristia, do Papa”, assinalou.

Francisco lamentou que hoje muitos religiosos não “falem de Nossa Senhora como Dom Bosco falava”.

A este respeito, abordou o debate em volta do lugar das mulheres na Igreja Católica, no seu habitual estilo coloquial.

“Porque é que não se nomeia uma mulher para presidir a um dicastério [na Cúria Romana]? ‘Mas diz-me, tu pensas que isso é uma decisão forte?’ Isso é funcionalismo”, explicou.

Segundo o Papa, “na Igreja, a mulher tem o mesmo trabalho, por assim dizer, que tinha Nossa Senhora com os apóstolos na manhã de Pentecostes, Jesus quis assim”.

OC

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