Sacerdócio é a maior expressão de Deus pela Igreja e pelo mundo

Abertura do Ano Sacerdotal em Lisboa "Infinito", "intenso", "avassalador", foram alguns dos adjectivos usados por D. José Policarpo para descrever o amor de Deus pela humanidade. Durante a homilia que assinalou o início do Ano Sacerdotal no Patriarcado foi igualmente destacada a importância da missa e dos padres para que esse amor se manifeste e produza efeitos.

Na celebração, que ocorreu a 19 de Junho na Basílica da Estrela, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, o Cardeal Patriarca começou por recordar que "Deus é amor". Esta expressão do apóstolo S. João, que constitui a "síntese das sínteses da revelação cristã", declara que nenhuma experiência de amor "se compreende e encontra a sua autenticidade" se não estiver ligada a Deus.

 

A revelação progressiva do amor de Deus

O cuidado de uma mãe pelo seu filho recém-nascido é uma das imagens usadas no Antigo Testamento para manifestar o amor de Deus pelo seu povo. Mas é só com Cristo que se encontra a plenitude do amor recebido e correspondido.

A revelação a Santa Margarida Maria que está na origem da festa do Sagrado Coração de Jesus, dia de abertura do Ano Sacerdotal, sublinha "a vivência concreta, num contexto histórico concreto" de "um amor intenso, um amor que espera ser amado, um amor que sofre por não ser correspondido, um amor avassalador, como o são todos os corações humanos que amam."

Se é verdade que os santos, em breves momentos da sua vida, conseguiram sentir a intensidade da relação com Deus, "a maior parte de nós, é bom reconhecê-lo, talvez nunca tenhamos a alegria de nos sentirmos amados por Jesus como nos sentimos amados pelas pessoas que amamos e que nos amam". Mas se Deus não vos der o dom de o sentir – acrescentou D. José Policarpo – dá-vos com certeza, porque nunca o regateia, o dom de acreditar."

 

O amor de Deus manifesta-se na missa e nos padres

Depois de acentuar a importância do amor de Deus, que a inteligência humana não pode compreender, D. José Policarpo destacou a forma como essa relação se torna presente.

O desafio colocado à Igreja durante o Ano Sacerdotal é ver no sacerdócio a maior expressão do amor de Deus pela Igreja e pelo mundo. Apesar das suas fragilidades, é através dos padres que os cristãos continuam a participar no dinamismo da morte e ressurreição de Jesus.

Por isso este Ano não é só para rezar pelos "coitadinhos dos nossos padres" nem sobretudo para pedir a Deus "que eles não tenham os defeitos que nós achamos que eles têm"; é antes um tempo para "a Igreja descobrir que a maior manifestação do amor de Deus pela sua Igreja é o sacerdócio".

E se, de acordo com as palavras do Santo Cura d'Ars, o sacerdote "é a expressão do amor do coração de Cristo", a missa é o momento privilegiado da experiência sobrenatural da relação com Deus. Neste sentido, a importância e a necessidade dos padres consolidam-se se os cristãos encontrarem naquelas celebrações a plenitude do "amor louco" de Deus.

A intervenção salientou igualmente a importância da adoração através da hóstia consagrada: "Seria uma página maravilhosa se se pudesse escrever o que ao longo dos séculos os cristãos aprenderam adorando o corpo de Cristo."

Para o Cardeal Patriarca, o amor de Deus exige respostas sem reservas: "Uma fé objectiva, radicada na palavra de Deus, radicada na adoração silenciosa, faz-nos também perceber que essa mesma fé não é apenas a maneira de me sentir amado; é também a minha resposta de amor", que se concretiza "no nosso ministério, porque aquilo que fazemos e somos é o que o Senhor quer ser e fazer em favor do seu povo."

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Agência ECCLESIA

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