S. Geraldo volta a unir Braga 900 anos depois da sua morte

Depois de ter morrido há 900 anos (em 1108), a importante figura de S. Geraldo volta a unir em torno de si a cidade de Braga, juntando num tributo, que decorre entre 24 de Outubro e 5 de Dezembro, a Arquidiocese de Braga, a Câmara Municipal de Braga, o Cabido, a Universidade Católica Portuguesa, a Universidade do Minho e o Seminário Conciliar de S. Pedro e S. Paulo. As comemorações do IX Centenário de S. Geraldo querem, segundo a comissão organizadora, «envolver a cidade o mais possível e a todos os níveis», afirmou, em conferência de imprensa, o Vigário-geral da Arquidiocese de Braga, cónego José Paulo Abreu. Ladeado pelo recém-nomeado cónego Vítor Novais e por Alfredo Cardoso, representante da Câmara de Braga, o responsável diocesano relembrou que, S. Geraldo foi um homem «ligado a Braga desde a sua reconstrução», numa altura em que Portugal se formava como país. Indicando que as comemorações pretendem «manter viva a memória» daquele importante ícone não apenas local como de relevância nacional. Uma das formas encontradas pela comissão organizadora das comemorações para conseguir envolver não apenas os adultos como as crianças de Braga passa pelo lançamento de um concurso dirigido aos estabelecimentos escolares do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Do ponto de vista civil, o programa inicia com uma sessão solene, no dia 24 (ver programa), onde três especialistas vão abordar a figura de S. Geraldo e o contexto temporal em que viveu. Numa perspectiva mais eclesial, a manhã do dia 3 de Dezembro é ocupada com uma acção de formação para o clero das cidades da Arquidiocese de Braga, sob o tema geral: “O Evangelho e a Cidade”. Na noite do dia 4 de Dezembro, todos os interessados podem deslocar-se à Sé Catedral para assistirem a um concerto pelo Coro Gregoriano de Braga. No dia seguinte, numa sessão matinal e noutra à tarde, os alunos da EB1 da Sé, fazem a representação do “Milagre da Fruta”, atraindo, certamente, as atenções de um grande número de bracarenses e turistas. O dia de S. Geraldo culmina, como é tradição, com um encontro com autarcas na Sé de Braga e, após a celebração de uma eucaristia, segue-se um jantar convívio reunindo poder autárquico e responsáveis religiosos. Congresso esteve pensado «Este programa foi o que, dadas as possibilidades, se conseguiu elaborar», indicou o cónego José Paulo Abreu, revelando mesmo que, inicialmente, «chegou a ser pensada a organização de um congresso». No entanto, em virtude de constrangimentos diversos, entre os quais se insere o investimento feito nas comemorações dos 500 anos do Hospital de S. Marcos, a ideia de realizar um congresso foi colocada de parte, avançando antes a execução de um programa solene mas mais breve e menos dispendioso. Certo é que, «passados 900 anos, S. Geraldo volta a unificar o religioso com o civil», destacou o porta-voz da comissão, acrescentando que sobre aquela personagem «ainda há muito a investigar». Aliás, o cónego José Paulo Abreu indicou que, na eventualidade de se organizar um congresso – o que teria de ser pensado com muito mais tempo – «a Galiza teria de estar envolvida», para além de muitos outros factores, dado que S. Geraldo trouxe para a Península Ibérica e para o território português, em concreto, uma mentalidade e agir próprios da cultura europeia do seu tempo. Alicerçou independência de Portugal S. Geraldo (de Moissac), padroeiro da cidade de Braga, foi Arcebispo de Braga, tendo falecido em 1108, depois um curto mas intenso governo, tendo levado a efeito um conjunto de reformas a nível eclesiástico, moral e administrativo, reorganizando a escola da Catedral e o Cabido, continuando as obras da Sé, recuperando bens eclesiásticos usurpados e reformando o culto e a liturgia com a introdução do rito romano, conseguindo debelar os focos de resistência anti-romana na diocese. Em 1100, viajou a Roma e obteve do Papa Pascoal II a dignidade de metropolita para a Sé de Braga a título definitivo. Esta autonomia eclesiástica de Braga era o prenúncio da independência do Condado Portucalense. Em 1103, novamente em Roma, conseguiu confirmar a jurisdição – a primazia – sobre todas as dioceses da Galiza – Astorga, Mondoñedo, Ourense e Tui – e ainda, em Portugal, sobre o Porto, Coimbra, Lamego e Viseu. Morreu em 5 de Dezembro de 1108 em Bornes, concelho de Vila Pouca de Aguiar, estando sepultado na Sé de Braga. Programa 24 de Outubro – Abertura das Comemorações – 21h30 – Faculdade Teologia. Painel “S. Geraldo e o seu Tempo”, com três conferências: “S. Geraldo e os primórdios da nacionalidade”, pelo historiador João Soalheiro; “S. Geraldo e a liturgia”, pelo liturgista Joaquim Félix; “S. Geraldo e o monaquismo”, pelo monge beneditino e historiador Geraldo Coelho Dias. 15 de Novembro a 5 de Dezembro – Concurso “Milagre de S. Geraldo” para alunos do 1.° ciclo. 3 de Dezembro – 09h30 às 12h30 – Auditório Vita – Acção de formação para o clero das cidades da Arquidiocese. 4 de Dezembro – 21h30 – Concerto na Sé com o Coro Gregoriano de Braga. 5 de Dezembro – 10h30 e 15h30 – Representação do “Milagre da Fruta” pelos alunos da EB1 da Sé. Às 18h00 –Sé Catedral – Encontro com autarcas – Eucaristia na Sé, seguida de jantar. Outras iniciativas: publicação sobre S. Geraldo a inserir na colecção “Memorabilia Christiana”, da Universidade Católica Portuguesa; a re-edição do “Liber Fidei”; inauguração da Exposição Permanente do Museu Pio XII.

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