Francisco questiona quem procura festejar «vitória» sobre mortes e destroços da guerra
Cidade do Vaticano, 10 abr 2022 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje no Vaticano a uma “trégua pascal” que possa abrir caminho à paz entre a Rússia e a Ucrânia.
“Que se deponham as armas, que se inicie uma trégua pascal, mas não para recarregar as armas e voltar a combater. Não, uma trégua para chegar à paz, através de uma verdadeira negociação, dispostos mesmo a alguns sacrifícios, pelo bem da população”, declarou, antes da recitação do ângelus com que concluiu a celebração dos Ramos, na Praça de São Pedro.
“De facto, que vitória será aquela que plantar uma bandeira sobre um monte de destroços?”, questionou.
Francisco dirigiu-se à multidão presente para a Missa que marca o início da Semana Santa, destacando que “nada é impossível a Deus”.
“Nada é impossível a Deus, mesmo fazer cessar uma guerra de que não se vê o fim”, insistiu.
Uma guerra que todos os dias nos põe diante dos olhos massacres hediondos e crueldades atrozes, cometidas contra civis inocentes. Rezemos por isto”.
Numa referência à tradição cristã dos povos da Rússia e da Ucrânia – que a 25 de março consagrou ao Imaculado Coração de Maria, numa cerimónia que ligou o Vaticano e Fátima -, Francisco destacou que estes dias preparam a celebração “da vitória do Senhor Jesus Cristo sobre o pecado e a morte”.
“Sobre o pecado e a morte, não sobre alguém e contra outro, mas hoje há guerra, porque se quer vencer assim, à maneira do mundo. “Para quê? Assim se perde, apenas. Por que não deixar que vença Ele, Cristo que trouxe a cruz para nos libertar do domínio da paz. Morreu para reinem a vida, o amor e a paz”, declarou.
O Papa concluiu esta intervenção renovando os seus apelos à oração.
“Nada é impossível a Deus, confiemo-nos a Ele, por intercessão da Virgem Maria”, pediu.
Desde o início da guerra, a 24 de fevereiro, Francisco tem renovado apelos ao fim do conflito e manifestado a disponibilidade da Santa Sé para exercer um papel de mediadora, admitindo inclusive uma visita papal à Ucrânia e um encontro com o patriarca ortodoxo de Moscovo.
OC