D. José Ornelas apelou à paz, à manifestação que «comportamentos destes não são aceitáveis e tirar consequências»
Fátima, 25 mar 2022 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) destacou hoje que os ucranianos estão a “dar um testemunho de dignidade, de luta pela liberdade”, que precisa de apoio, e de uma “atitude musculada” de paz para “deter a mão dos agressores”.
“Atitude musculada significa, antes de mais, dizer não, significa também encontrar meios não-militares e ir ao encontro das vítimas deste conflito, para encontrar caminhos onde possa haver uma paz sustentável para o futuro. E de dizer que comportamentos destes não são aceitáveis e tirar consequência dai”, disse D. José Ornelas, em declarações à Agência ECCLESIA, no Santuário de Fátima.
O presidente da CEP afirmou que para “deter a mão dos agressores” é preciso “uma atitude musculada de toda a comunidade”, e explicou que “não é simplesmente Portugal, é na Europa toda, e o mundo” que se mobilizam para dizer que “comportamentos destes não são aceitáveis”.
“Particularmente não são aceitáveis numa grande potência como é a Rússia e que isso põe em causa os pressupostos de uma convivência e de um futuro harmónico para todo o planeta”, acrescentou.
A Rússia lançou, a 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, começando uma guerra que já fez inúmeras vítimas civis, milhões de refugiados e deslocados internos.
D. José Ornelas salienta que “há sinais muito interessantes, de generosidade, de acolhimento”, sinais de recusa deste caminho como “caminho para a humanidade”.
“Os ucranianos estão a dar um testemunho de dignidade, de luta pela liberdade que precisa de ser apoiado, isso não tenho a mínima dúvida”, realçou.
Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, neste momento, é preciso que se encontre “o caminho para parar as armas e parar a destruição”, para que se possa pensar que ajuda e que integração pode ter este povo, que, nestes dias, tem merecido aquilo por que luta, sito é “a sua liberdade e dignidade e o direito a viver com dignidade no seu próprio país”.
O Papa consagrou hoje a Rússia e Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, em ligação ao Santuário de Fátima, durante uma celebração penitencial que presidiu no Vaticano.
Este mesmo ato foi realizado na Cova da Iria, pelo cardeal Konrad Krajewski, esmoler pontifício, como enviado de Francisco, com a recitação do Rosário na Capelinha das Aparições, incluindo mistérios em russo e ucraniano.
D. José Ornelas, bispo da Diocese de Leiria-Fátima, recorda que “infelizmente” a realidade atual “corresponde também à origem do surgir de Fátima”, ligado a toda a situação “calamitosa” que se vivia em 1917, “concretamente durante a Primeira Guerra Mundial, com uma pandemia”.
Segundo o responsável, estes acontecimentos no leste da Europa põem “muitas dificuldades novas” ao diálogo inte-rreligioso com o mundo ortodoxo, que “já não era brilhante”.
“Infelizmente misturar Deus em coisas destas para justificar intervenções militares, desumanas, é completamente fora da razão do Evangelho”, disse o bispo, lembrando que a “urgência do Evangelho é sempre a mesma desse as suas origens”.
“Ou temos uma opção pela paz, pela humanidade, pela misericórdia, pelo encontro, ou então o resultado vai ser sempre o conflito e a guerra que destrói: Destrói a relação entre as pessoas, destrói o ambiente de vida em que neste planeta, o planeta e as nossas condições de vida em absoluto”, desenvolveu D. José Ornelas.
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