É com sentimento de “dever cumprido” que Rui Marques se despede do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, afirmando ser “indiscutível que a vida dos imigrantes em Portugal melhorou”. Num artigo publicado no sítio do ACIDI, Rui Marques enaltece a “intensa experiência pessoal de serviço ao bem comum e de promoção da justiça social” que viveu desde que em 2002 integrou a equipa do ACIME, então dirigida pelo P. António Vaz Pinto até 2005, e no trabalho de continuidade que desenvolveu entre 2005 e 2008. Consciente que do que ainda há por fazer, Rui Marques nota que durante nestes anos foram introduzidas medidas legislativas e criados instrumentos operacionais que representaram um grande avanço. A nível legislativo a nova lei da Nacionalidade e o Plano para a Integração dos Imigrantes foram marcantes para “corrigir um erro histórico que afastava muitos que nasciam entre nós de um acesso justo à nacionalidade portuguesa”, deixando um “sinal de inclusão e de abertura”. Este quadro legislativo mereceu, num estudo comparativo entre 28 países, uma classificação “excelente, que nos colocou em 2ª lugar, atrás da Suécia”, anuncia Rui Marques. O ainda alto comissário afirma que foi dada a “maior importância às questões da igualdade de oportunidades para as crianças e jovens descendentes de imigrantes, provenientes de contextos socio-económicos mais vulneráveis”. A promoção da tolerância e da diversidade contou também com o “canal media”. O ACIDI esteve presente na criação de programas tanto televisivos como radiofónicos. Rui Marques destaca ainda que “com grande significado simbólico”, a sua missão termina com a assinatura de um protocolo com o Instituto de Segurança Social, para viabilização do Programa de Apoio a Doentes Estrangeiros, “que garantirá 75 bolsas anuais para apoio social a doentes que vêm fazer os seus tratamentos a Portugal e, por incapacidade das suas Embaixadas, evoluíam para condições de vida muito degradantes”. O Ano Europeu do Diálogo Intercultural será coordenado, em Portugal, pelo ACIDI, contando para já, no seu programa oficial, com mais de 500 actividades, de 220 instituições. “Será uma excelente oportunidade de reforçar a mobilização da sociedade portuguesa para este fim”, sublinha Rui Marques. No futuro próximo vai iniciar-se a aplicação dos fundos comunitários para a integração de imigrantes, que contará com 90 milhões de euros até 2013. Rui Marques aponta que “pela primeira vez nos fundos comunitários se afirma com expressão própria a prioridade ao acolhimento e integração de imigrantes”. Este é um contexto favorável, que conta com “a estabilidade das iniciativas em curso, a existência de uma equipa técnica altamente competente” e, são por isso, “momentos ideais para uma transição tranquila”. Sobre Rosário Farmhouse, a nova Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, Rui Marques afirma que “o seu trabalho e a sua competência irão acrescentar valor e inovação ao caminho percorrido”. Rui Marques termina sublinhando que aprendeu como é possível “apesar de todas as adversidades, lutar para concretizar a esperança numa vida melhor”. A tomada de posse de Rosário Farmhouse, licenciada em Antropologia com especialização em Antropologia Social e actual directora do Serviço Jesuíta aos Refugiados, está prevista para a próxima Sexta-feira, dia 8. Recorde-se que Rosário Farmhouse ganhou recentemente o Prémio Pe. António Vieira pelo trabalho que desenvolve em prol do diálogo intercultural e religioso.