Rotura e aproximação: 476 anos de relação entre Igrejas Católica e Anglicana

Cisão entre as comunidades foi decidida pelo rei Henrique VIII, em 1534

A primeira visita de Estado de um Papa ao Reino Unido acontece 476 anos depois do nascimento da Igreja Anglicana (1534), ocorrido na sequência do corte de relações do rei Henrique VIII com Roma.

Segundo a cronologia apresentada no site da Rádio Renascença, os cidadãos que se mantiveram católicos foram perseguidos e a corte impõs multas a quem não participava nas celebrações anglicanas.

A persistência do catolicismo na Inglaterra deveu-se a um conjunto de famílias importantes que recusam a adesão ao anglicanismo, escondendo padres e financiando seminários no exílio durante centenas de anos.

Em 1801, a criação do Reino Unido, resultante da união entre a Grã-Bretanha e o Reino da Irlanda, conduziu a um aumento significativo da população católica, colocando sob pressão as autoridades políticas no sentido de liberalizar as leis anti-católicas.

A fome que alastrou na Irlanda no século XIX provocou uma significativa vaga emigratória que resultou no surgimento de importantes comunidades católicas em Liverpool e Glasgow.

O catolicismo passou a ser tolerado em 1829, ano em que o Parlamento aprovou legislação que concedeu aos católicos direitos quase iguais aos dos restantes cidadãos.

O ano de 1835 marcou a conversão ao catolicismo dos anglicanos John Henry Newman e Henry Edward Manning, mais tarde nomeados cardeais – o primeiro vai ser beatificado este Domingo por Bento XVI.

Nesta época e nas décadas seguintes várias figuras do mundo social, com destaque para os escritores, converteram-se ou assumiram publicamente o catolicismo.

A denominada “segunda primavera” da Igreja Católica no Reino Unido, que consiste no restabelecimento da hierarquia eclesial britânica por parte do Papa Pio IX, ocorreu em 1850.

A primeira viagem de um Papa à Grã-Bretanha aconteceu em 1982, com João Paulo II, tendo ficado decidido que a visita seria de carácter pastoral, apesar do desanuviamento das relações entre anglicanos e católicos.

A decisão da Igreja Anglicana permitir a ordenação de mulheres para o sacerdócio, aprovada em 1992, teve como consequência um êxodo expressivo de fiéis e clero para a Igreja Católica.

Em 2009, Bento XVI promulgou a constituição apostólica “Anglicanorum Coetibus”, que permitiu a criação de ordinariatos pessoais para comunidades que queiram passar do anglicanismo para o catolicismo, mantendo todavia alguns aspectos do seu património espiritual e litúrgico.

Alguns grupos manifestaram imediatamente a sua vontade de aceitar, mas outros anunciaram períodos de reflexão.

A decisão do sínodo da Igreja de Inglaterra de ordenar mulheres para o episcopado, tomada este ano, foi vista por muitos conservadores anglicanos como um golpe final, levando a um presumível segundo êxodo para a Igreja Católica.

Actualmente, o único traço júridico contra o catolicismo está na lei que proíbe um católico de aceder ao trono ou um herdeiro do trono se casar com um católico.

Apesar de várias propostas no sentido de alterar essa legislação, as implicações dessa aprovação (que inclui o acordo de todos os países que partilham o monarca britânico como Chefe de Estado) têm impedido a mudança.

Bento XVI visita o Reino Unido entre 16 e 19 de Setembro, passando pelas cidades de Edimburgo, Glasgow, Londres e Birmingham.

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Agência ECCLESIA

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