Ao apresentar algumas sugestões de visita a alguns dos Santuários da Diocese de Coimbra, refiro três – um dedicado ao Senhor Jesus e dois a Nossa Senhora – tendo por base um critério geográfico: privilegiando o Nordeste, o Sul e o Centro da Diocese. São apenas três sugestões de visita, das múltiplas que poderiam ser feitas, se considerássemos, desde logo, algumas das nossas cidades, toda a beira-mar e a riqueza do nordeste da Diocese. Assim, apresentarei uma breve referência aos Santuários do Senhor da Serra, em Semide (Miranda do Corvo); da Senhora do Mont’Alto, em Arganil; e de Nossa Senhora do Pranto, em Dornes (Ferreira do Zêzere).
Santuário do Senhor da Serra
[foogallery id=”213690″]
Situado num monte, acima da sede de freguesia – Semide – dali se pode fruir uma bela paisagem, com vista para a cidade de Coimbra, para a zona litoral e para toda a região montanhosa, numa visão ampla e diversificada da paisagem que o envolve. O Santuário primitivo remonta ao século XVII, dedicado ao Senhor Santo Cristo da Serra – o Cristo Crucificado –, numa história que o relaciona com o Mosteiro Beneditino de Santa Maria de Semide. Santuário de grande expressão regional, pois a ele acorriam muitos romeiros, particularmente até meados do século XX, foi reformado, após a demolição da primitiva ermida, nos finais do século XIX, dando lugar à atual igreja, de planta em cruz latina, da autoria do mestre conimbricense António Augusto Gonçalves, ficando concluído em 1904.
Santuário de Nossa Senhora do Mont’Alto (Monte Alto)
Situado num monte sobranceiro à Vila de Arganil, de onde lhe provém o nome, é um belíssimo miradouro, de vistas amplas, permitindo-nos contemplar o vale do rio Alva, a Serra do Açor e os campos que se estendem pela estrada da Beira. Um dos acessos ao santuário é feito pela escadaria, de dois lanços convergentes, onde encontramos diversas capelas, de que destacamos as dedicadas ao Senhor da Agonia, ao Senhor da Ladeira e à Santíssima Trindade. A Igreja, dedicada a Nossa Senhora do Monte Alto, foi edificada nos inícios do século XVI (por volta de 1520), sofrendo várias alterações ao longo dos tempos, sendo as mais recentes as intervenções feitas em 1960. De planta longitudinal e de fachada simples, destaca-se, no seu interior, o retábulo-mor e os altares colaterais. No camarim do altar-mor, do século XVIII, está colocada a imagem de roca, da Padroeira.
[foogallery id=”213684″]
Nossa Senhora do Pranto
Situado no alto da belíssima península de Dornes, envolvida pelo rio Zêzere, o Santuário de Nossa Senhora do Pranto destaca-se, desde logo, pela atual Torre Sineira, uma construção templária medieval, localizada ao lado do templo.
De construção gótica, maneirista e barroca, do primitivo templo restam apenas algumas inscrições. De planta longitudinal e pórtico de verga reta, em empena triangular, o interior, de nave única, surpreende pela riqueza azulejar que reveste totalmente as paredes da igreja, com azulejos de padrão policromo, do século XVII. O teto, com cobertura de madeira, ostenta uma pintura do escudo da Rainha Santa Isabel. Destacam-se, ainda, o altar-mor, em talha dourada, do século XVII, onde se enconta a imagem de Nossa Senhora do Pranto; e o órgão de tubos, numa das paredes laterais, recentemente restaurado.
Este espaço natural, aprazível, com o Zêzere a envolver toda a península, acolhe todos os anos vários círios: alguns das paróquias vizinhas, mas igualmente outros de paróquias mais distantes, da Diocese de Coimbra e do norte da vizinha Diocese de Santarém.
[foogallery id=”213702″]
Bibliografia:
– Cf. Maria do Rosário Barardo – Santuários de Portugal. Caminhos de Fé. Prior Velho, Paulinas Editora, 2015. [Diocese de Coimbra].
– Cf. Carlos Alberto da Graça Godinho – Roteiros Marianos. Do Concílio de Trento à atualidade. In Devoções e Sensibilidades Marianas: da memória de Cister ao Portugal de hoje. Livro do XIII Encontro Cultural de São Cristóvão de Lafões. São Cristóvão de Lafões, 2018, p. 198.
– Cf. Altares Marianos. In Visit Portugal – Caminhos da Fé (disponível em http://www.pathsoffaith.com )
Pe. Carlos Alberto da Graça Godinho