Rostos de acolhimento 

Sónia Neves, Agência ECCLESIA

Sempre gostei de acolher e ser acolhida. Talvez porque nas casas por onde passei a infância havia sempre acolhimento bom para quem quer que fosse… um olá a um vizinho, uma cebola que se dava, uns ovos em que se partilhava a generosidade das galinhas, uma maçã oferecida que fazia de mim a criança mais feliz…

Acolhimento é uma sensação muito cara para mim e também o vivi por estes dias. Numa reportagem senti o acolhimento de uma idosa desconhecida que, com toda a amabilidade, acedeu receber, preparou o quarto para “uma jornalista” e me presenteou com um pequeno almoço saboroso. Nas casas ao lado muitos jovens experimentavam um similar acolhimento nas famílias destinadas.

As famílias que disseram sim, as portas que se abriram e os braços que envolveram jovens na chegada.

“Comeram pouco ao pequeno almoço”; “Eu, como não percebo o que eles dizem, coloquei tudo na mesa e comeram o que quiseram”, eram os comentários numa manhã fria de julho, quando as famílias levavam, ao ponto de encontro, os jovens acolhidos para mais um dia de atividades. A preocupação com quem “já faz parte da família”, ainda que tivesse chegado há dois dias.

“Acolhemos o desafio de ajudar porque estes jovens podiam ser nossos netos”, outra frase de uma voluntária sexagenária que aceitou ir, uma manhã inteira, descascar batatas para o almoço de jovens que não conhece, que ali chegavam cansados e cheios de fome.

“Espero vê-los a chegar, sentarem-se e que sorriam ao almoçar, quer dizer que gostam e, para nós, é missão cumprida”, desejava outra voluntária que, em dia de folga, ajudava na limpeza da cozinha.

Rostos de acolhimento, cada um à sua maneira, mais disponíveis ou mais limitados no tempo, mas que não quiseram deixar de “dar uma mãozinha” e colaborar. É este o espírito que, a cada dia, se foi vivendo nesta semana em que as dioceses foram “invadidas” por jovens peregrinos de vários países e cada comunidade se uniu na ajuda.

Acolhimento foi a palavra de ordem mas, a meu ver, deve ser sempre palavra e ação do dia a dia de uma Igreja que se quer próxima.

Na minha maneira de ver continuarei a gostar de “acolher e ser acolhida”, mais com estes exemplos, seguirei o meu caminho para acolher e ser acolhida, na mais simples conversa, em qualquer momento e sítio onde possa voltar.

O acolhimento faz-nos felizes.

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Agência ECCLESIA

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