Rita e Sandro Nori têm 10 filhos e trabalham na região carenciada de Satu Mare
Cidade do Vaticano, 29 mai 2019 (Ecclesia) – O Papa vai trazer à Roménia palavras de “conforto e força”, é assim que o casal italiano Rita e Sandro Nori, em missão naquele país, perspetiva a viagem de Francisco entre 31 de maio e 2 de junho.
Numa entrevista publicada pelo portal Vatican News, este casal de missionários, atualmente a viver em Satu Mare, na região da Transilvânia, dá conta do “grande movimento” de pessoas que está a rodear a visita do Papa argentino à Roménia, com “autocarros que chegarão de todo o país”.
“Esperamos ansiosamente pelo Papa, na esperança de podermos ouvir durante estes três dias as suas palavras que nos ajudam e nos dão conforto e força”, realçam Rita e Sandro Nori.
Radicados na Roménia há cerca de 10 anos, pais de 10 filhos, os dois missionários italianos têm uma história de vida que nem sempre passou pela fé e tão pouco pela família.
“Na época, não tínhamos filhos. Pelo contrário, não queríamos filhos, estávamos fechados à vida; tínhamos muitos projetos, queríamos viajar pelo mundo”, recorda Sandro.
O casal chegou mesmo a uma situação de rutura, esteve separado durante dois anos, mas o encontro com Cristo, sobretudo através do contacto com o movimento do Caminho Neocatecumenal, mudou tudo.
“Recordo que dentro de mim só havia vontade de ‘cancelar’ o meu marido, de cancelar o meu casamento, de cancelar tudo na minha vida. E foi exatamente neste momento que encontrei Jesus Cristo. O Senhor tocou o meu coração, o nosso coração”, recorda Rita.
“Sentimos no coração uma grande gratidão a Deus por vários motivos. Um deles é como o Senhor reconstruiu o nosso casamento. Ele mudou as nossas vidas, mudou o nosso modo de pensar, de nos relacionarmos como casal e com os outros, mudou o nosso modo de vida”, acrescenta Sandro.
Foi devido a este sentimento de gratidão que o casal decidiu entregar-se a Deus através da missão na Roménia, junto das comunidades mais necessitadas de Satu Mare, “uma localidade marcada pela pobreza e pelo trabalho precário”, onde “o salário médio é de 300 euros e muitas pessoas emigram em busca de novas oportunidades”.
A mudança estendeu-se também à forma como os dois encaravam o seu futuro enquanto família.
“Recordo que não queria filhos, para mim um já era demais”, revela Rita.
No início da sua relação, os dois geriam uma loja de roupas e viviam para o trabalho, e neste prisma “os filhos eram um incómodo”.
Hoje têm 10 filhos, entre os quais uma criança cigana adotada.
“Ao vermos a realidade desta região de Satu Mare, onde muitas crianças estão abandonadas, sentimos que o Senhor fez crescer em nós esta vontade”, salienta Rita.
Questionado sobre o que significa hoje ser missionário na Roménia, o casal italiano realça que o trabalho passa muito também pelo exemplo e pelo testemunho enquanto família, de mostrar aos outros como “o Senhor os ajuda, de tantas maneiras”.
A visita do Papa Francisco à Roménia, entre 31 de maio e 2 de junho, acontece 20 anos depois da viagem história de São João Paulo II àquele país, em 1999.
Na altura, com a Roménia ainda a procurar reerguer-se depois de um longo período sob o domínio comunista, o Papa polaco deixou um apelo forte à união, não só entre as populações mas entre as comunidades religiosas, com destaque para a relação entre a maioria ortodoxa e a comunidade católica.
A visita agora do Papa Francisco também vai nesse sentido, tendo como tema ‘Vamos caminhar juntos’.
JCP