Roma: A procissão do Corpo de Deus em ano conciliar

No ano da abertura do II Concílio do Vaticano (1962), o Papa João XXIII retomou a antiga tradição da procissão papal do Corpo de Deus, em Roma.

No ano da abertura do II Concílio do Vaticano (1962), o Papa João XXIII retomou a antiga tradição da procissão papal do Corpo de Deus, em Roma. Interrompida em 1870 aquando da perda dos Estados Pontifícios, nos últimos 90 anos só em 1933 – Ano comemorativo do centenário da Redenção – e, em 1950 – Ano Santo – é que esta procissão se realizou.

Na procissão de 1962, o Papa convidou os cardeais, bispos e todo o clero de Roma para nela se incorporarem, nomeadamente os membros da Comissão Central Pré-Conciliar que na véspera da festa do «Corpus Christi» tinham participado nos últimos trabalhos preparatórios do Concílio.

“Vinte e sete cardeais, mais de duzentos bispos e cerca de quatro mil sacerdotes, religiosos e seminaristas tomaram parte na procissão que saiu da Basílica de São Pedro às 18 horas”, (Boletim de Informação Pastoral, Nº 17, pag 6-7).

A procissão – durou cerca de duas horas – circundou a vasta Praça de São Pedro junto à colunata de Bernini e contou com milhares de fiéis, no interior da praça e nas ruas vizinhas. Uma delegação especial do governo italiano, membros do Corpo Diplomático e outras entidades oficiais estiveram presentes na procissão do Corpo de Deus no ano da abertura do II Concílio do Vaticano.

Segundo o órgão de comunicação citado, esta “foi uma das mais esplendorosas cerimónias religiosas realizadas ultimamente no Vaticano”.

Na alocução feita no encerramento da procissão, João XXIII realçou que “a presença eucarística de Cristo é motivo de alento para os cristãos e para a Igreja” e é também “símbolo e penhor da unidade do Corpo Místico do Senhor, tão ardentemente pedida ao Pai na última Ceia, e de que o Concílio convocado será manifestação e convite” (Cf. BIP, Nº 17).

Com o II Concílio do Vaticano à porta, a Igreja preparava-se para este grande acontecimento. No editorial do «Boletim de Informação Pastoral», Nº 17, faz-se referência às diversas atitudes que os cristãos podem ter durante a preparação do Concílio, mas “uma das menos cristãs seria a de procurar fazer propaganda de algumas ideias para serem adotadas pelos padres do Concílio”.

“Querer influenciar as decisões conciliares mediante processos de técnica psicológica, é negar o valor sobrenatural do Concílio que, embora envolva realidades psicológicas, as transcende pela ação do Espírito que sopra onde e como quer”, escreve o editorialista.

A próxima assembleia magna, como novo Pentecostes, exige “uma preparação pela caridade, pela oração, pela esperança no dom de Deus que será dado à Igreja”.

LFS

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