Crónica dos principais acontecimentos eclesiais entre janeiro e maio
O ano de 2017 começava com Francisco a lembrar que é preciso dizer não… É assim que se constrói a paz, dizendo «não» — com gestos — ao ódio e à violência, e «sim» à fraternidade e à reconciliação.
Era a primeira vez, no novo ano, que o Papa vinha até à janela e recordava que há cinquenta anos, Paulo VI começou a celebrar o Dia Mundial da Paz a 1 de janeiro, para fortalecer o compromisso comum de construir um mundo pacífico e fraterno.
Tudo menos pacífica era a realidade da missionação do Japão no século XVII, é o que nos relata o filme “Silêncio” que estreava entre nós em janeiro.
Desta vez Martin Scorsese adaptou ao cinema o romance homónimo de Shusaku Endo, que conta a história de dois padres jesuítas do século XVII que foram para o Japão em busca do seu mentor, o jesuíta português Cristóvão Ferreira. A história da perseguição ao cristianismo e os casos de apostasia perante o martírio.
O ardor missionário anima também os Dominicanos, um caminho de 800 anos de história assinalado com um jubileu que se encerrava em janeiro. Um ciclo comemorativo e um intenso programa cultural que ao longo de um ano permitiu olhar este carisma com os desafios dos tempos novos.
Em Fátima, os bispos homenagearam a figura de Daniel Serrão, falecido aos 88 anos de idade.
Fevereiro
Em fevereiro chegava ao fim a fase diocesana do Processo de Canonização da Irmã Lúcia. No Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, onde a Irmã Lúcia viveu, era reunida toda a documentação para ser lacrada e enviada para Roma. 15 mil páginas que relatam as virtudes e a vida da vidente de Fátima. Para a Postulação, o sentimento era o de um dever cumprido.
A 26 de fevereiro, o Papa Francisco visitou a igreja anglicana de Todos os Santos, em Roma, a celebrar 200 anos, e elogiou o fim do clima de “hostilidade” entre os católicos e esta comunidade cristã. Esta foi a primeira visita de um Papa à igreja anglicana de ‘All Saints’, a menos de 3 quilómetros do Vaticano, na outra margem do Rio Tibre.
Na sua mensagem para a Quaresma de 2017, o Papa Francisco deixava apelos à defesa da vida “frágil” e alertava para as consequências negativas de uma vida centrada no “dinheiro”.
Março
O Papa Francisco aprovou a 23 de março o milagre necessário para a canonização dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, videntes de Fátima. Estava assim aberto o caminho para que a sua proclamação como santos acontecesse na celebração do 13 de maio, “coroando” o ano do Centenário das Aparições.
Os 60 anos do Tratado de Roma, assinalados em março, levaram até ao Vaticano os chefes de Estado e de Governo da União Europeia. De Francisco escutaram que a “solidariedade” é a base do projeto comunitário. O Papa alertou os responsáveis para a “tentação” de reduzir os ideais que estiveram na origem da UE a “necessidades produtivas, económicas e financeiras”. Desafiou ainda os políticos presentes a promover um “novo humanismo europeu” para responder aos “problemas reais” das pessoas.
Ainda na Itália, o Papa realizou nova viagem, desta feita a Milão.
Abril
Abril ficou marcado por uma viagem de alto risco. O Papa rumava ao Egito onde atentados terroristas vinham visando as comunidades cristãs; quis ir transmitir a sua proximidade a quantos pagam com a vida a fé que professam…
Ainda em abril, Francisco visitou a região italiana de Emília-Romanha, atingida pelos sismos de 2012. Já no Vaticano, o Papa recordou na sua mensagem pascal as vítimas das “escravidões”, da violência e das migrações forçadas, deixando uma mensagem de esperança a todos os que são “oprimidos” pelo mal.
O mês começou com Emissora Católica Portuguesa a festejar 80 anos de vida… Dia histórico para o projeto radiofónico fundado por Monsenhor Lopes da Cruz. O Papa enviou uma mensagem congratulando-se com o trabalho “de exceção” que o Grupo Renascença tem desenvolvido na promoção dos valores cristãos.
Os valores do ecumenismo e do diálogo foram sempre uma marca de vida para o Padre Franciscano Joaquim Carreira das Neves que, em abril, terminava a sua vida terrena.
A 191.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa decorreu em Fátima, de 24 a 27 de abril de 2017, sob o signo do Centenário de Fátima e da visita do Papa. A Assembleia aprovou a Nota Pastoral «Cuidar da casa comum, prevenir e evitar os incêndios». Uma mensagem que só seria ouvida mais tarde…
Maio
Maio foi o mês de Fátima. A assinalar o primeiro Centenário das Aparições, o Santuário vinha promovendo um intenso programa cultural e científico que abriu este fenómeno Mariano a um circulo mais vasto do debate e da investigação.
No dia 12 chegava o Papa Francisco. O quarto Papa a visitar o nosso país, vinha apenas a Fátima. Francisco associava-se assim às celebrações do Centenário das Aparições, rezando na capelinha como vem sendo a tradição dos papas e rezando o terço na noite iluminada de Fátima onde as velas contribuem para um cenário que é muito mais que o seu efeito visual.
A fé de um povo… a fé dos dois videntes a quem Francisco abria as portas da santidade canonizando as duas crianças portuguesas. Francisco e Jacinta agora nos altares, exemplos de vida crente que apontam para Maria. A Mãe que o Papa lembrava…
Num regresso às origens, o Papa visitou Génova, na Itália, onde se apresentou como filho de imigrantes. Ainda em maio, Francisco recebeu Donald Trump no Vaticano. O Presidente norte-americano e o Papa mantiveram um diálogo de 30 minutos.
Em Aveiro, o bispo diocesano anunciou a instituição de um tribunal próprio para dar início à fase diocesana do Processo de Canonização da Beata Joana, princesa, por indicação do Vaticano.
HM/OC