Igreja não consegue dar resposta aos desafios da evangelização
A situação na Europa, ao nível do diálogo entre culturas, e os desafios com que a Igreja Católica se depara para anunciar e testemunhar a mensagem cristã no Velho Continente, constituem o tema principal da revista Além-Mar de Setembro.
No editorial, as primeiras palavras do director, Manuel Ferreira, evocam o passado, quando “a missão cristã foi vista como um movimento (…) da Europa e da América do Norte para os povos da África, da Ásia e da América do Sul”.
Hoje, “as gentes, a que a missão cristã sempre se dirigiu, encontram-se agora nos territórios das Igrejas locais do Velho Continente, provenientes da África, da Ásia e da América do Sul. As grandes religiões da Ásia, as seitas das Américas, as religiões tradicionais da África com a sua magia e cultos encontraram os seus lugares, mais ou menos ao sol, no espaço europeu”.
A chegada à Europa de populações provenientes de outros mundos coincide “com uma evidente crise de vitalidade interna e falta de recursos” por parte da Igreja. Por isso, além de se mostrarem “incapazes de sustentar os ritmos de actividade missionária para levar o Evangelho a outros povos”, as comunidades cristãs não conseguem “dar resposta aos desafios da evangelização no seu meio ambiente, correndo o risco de definharem interiormente.”
“Que palavra tem a Igreja para dizer a este continente?”, pergunta António Marujo. No artigo «Um novo apocalipse?», o jornalista recorda que a esperança, ícone do último livro da Bíblia”, está presente como um encorajamento no documento «Ecclesia in Europa», de João Paulo II. “É uma proposta certeira”, porque “a Igreja no continente, parece por vezes ter perdido a sua capacidade e a coragem para afirmar as razões de salvação”.
Os obstáculos vividos pelas Igrejas do Leste até à queda do Muro de Berlim são evocados por Francesco Strazzari. O texto recorda “os sacerdotes, que no meio de tantas dificuldades trabalhavam nas paróquias”, “os fiéis, que sofreram pela sua convicção religiosa e sobre os seus filhos”, “os seminários «clandestinos», que se mantinham aos fins-de-semana, em ambientes que não chamassem a atenção da polícia secreta, com aulas dadas também por religiosas clandestinas”. O artigo «A aventura da liberdade» descreve igualmente a relação que as antigas «Igrejas do silêncio» mantém com o passado e os seus desafios actuais, no contexto de uma sociedade nova.
O dossier dedicado à Europa termina com o elenco dos dados mais relevantes dos 42 Estados e dois territórios do continente. Ao longo de 28 páginas, são apresentadas informações relativas à geografia, economia e religião, entre outros elementos.
«Missão em todas as épocas» é o título do estudo de James Kroeger sobre São Paulo, a propósito das Jornadas Missionárias que decorrerão de 18 a 20 de Setembro, em Fátima.
A exposição «Portugal e o Mundo nos séculos XVI e XVII», que está patente no Museu Nacional de Arte Antiga até 16 de Outubro, é apresentada por Manuel Ferreira. O texto é complementado por 15 fotografias das peças expostas.
A secção «Gente solidária» viaja até Kurón, no Sudão, onde o “tecido social foi destruído por causa do conflito armado e da discriminação”. O missionário Alberto Eisman testemunha a criação e o crescimento de uma “aldeia da paz”, construída graças à determinação do Bispo emérito de Torit, D. Paribe Tabán.
Nos «Rostos da missão», Elio Boscaini traça o perfil do Pe. Bernardo Sartori, missionário comboniano que viveu no Norte do Uganda.
Além dos artigos de fundo, a revista inclui notícias sobre a actualidade em países de missão, lançamentos editoriais e discográficos, bem como as colunas de opinião.