Reunião de Cardeais celebra «sinais encorajadores» de diálogo com o Islão

A reunião de quase meia centena de Cardeais de todo o mundo com Bento XVI, esta Sexta-feira, chegou ao fim com uma palavra de satisfação perante os “sinais encorajadores” surgidos no diálogo com o Islão. No segundo comunicado oficial da Santa Sé a respeito deste encontro, convocado pelo Papa, refere-se que os Cardeais acolheram com agrado a carta de 138 intelectuais do mundo muçulmano apelando ao diálogo e a visita ao Vaticano do Rei da Arábia Saudita. Depois de uma manhã dedicado às questões do diálogo com as outras Igrejas e confissões cristãs, alguns dos 16 Cardeais que tomaram a palavra regressaram a este tema para falar da “colaboração entre cristãos para a defesa da família na sociedade e nos ordenamentos jurídicos”, bem como da “importância do ecumenismo espiritual e das relações pessoais com os fiéis e as autoridades das outras confissões cristãs”. Segundo a nota oficial divulgada pelo Vaticano, as considerações dos Cardeais “alargaram-se às dificuldades da fé cristã no mundo secularizado, ao dever e à importância da nova evangelização que responda às expectativas profundas e permanentes de felicidade e liberdade do homem pós-moderno”. Falou-se da dinâmica missionária na América Latina, na Vida Consagrada, na formação dos seminaristas e na imprensa católica, em particular o Osservatore Romano. Na reunião foi ainda recordada a Carta do Papa aos católicos da China e do seu “acolhimento favorável por parte dos Bispos e dos fiéis”. Os Cardeais destacaram “a urgência do compromisso da Igreja em favor da paz, na luta contra a pobreza e pelo desarmamento, em especial o nuclear”. Numa intervenção conclusiva, o Papa explicou que a sua nova encíclica, dedicada à esperança, quer ser “uma resposta aos anseios mais profundos dos nossos contemporâneos”. Ecumenismo Na manhã de Sexta-feira, os participantes destacaram a necessidade de prosseguir no caminho da “purificação da memória”, utilizando “formas de comunicação que procurem não ferir a sensibilidade dos outros cristãos”. A reunião foi iniciada por Bento XVI, que escolheu o tema em debate, seguindo-se uma intervenção do presidente do Conselho Pontifício para a promoção da unidade dos cristãos, Cardeal Walter Kasper, que traçou as grandes linhas do actual quadro do diálogo e das relações no ecumenismo em três âmbitos: com as Igrejas Antigas Orientais e as Igrejas Ortodoxas; com as Comunidades eclesiais da Reforma; com os movimentos carismáticos e pentecostais. O Cardeal Kasper frisou que a recente declaração católico-ortodoxa, obtida em Ravenna, que reconhece o Bispo de Roma como “primeiro entre iguais” entre os Patriarcas foi um “passo em frente”. Quanto a um eventual encontro entre o Papa e o Patriarca de Moscovo, o presidente do Conselho Pontifício para a unidade dos cristãos não o colocou completamente de lado, referindo que as relações entre as duas Igrejas passam por uma fase de “degelo”. Segundo comunicado oficial da Santa Sé, no debate que se seguiu a esta exposição, tomaram a palavra 17 Cardeais, que falaram do compromisso comum dos cristãos “no campo social e caritativo, bem como na defesa dos valores morais nas transformações das sociedades modernas”. Foram indicados como “campos promissores para o ecumenismo” a doutrina social da Igreja e a sua concretização. Neste contexto, evocaram-se ainda acontecimentos recentes tidos como “muito significativos”: a Assembleia Ecuménica Europeia; o encontro inter-religioso de Nápoles; a viagem do Patriarca de Moscovo a Paris e o encontro ecuménico dos movimentos eclesiais em Estugarda.

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