“O Dia dos Fiéis Defuntos celebra a Fé na Ressurreição e a Esperança na Vida Eterna porque sabemos – e acreditamos – que os nossos amigos e familiares que, pela morte, já partiram deste mundo, ressuscitaram e estão vivos em Deus…” disse D. Ilídio na homilia da Eucaristia que celebrou na Sé, no passado dia 2 de Novembro.
“Quem não acredita na Ressurreição, nega a existência de Deus e torna inútil, porque vazia, a Fé e a Esperança”, afirmava D. Ilídio, lembrando também que “é aqui, na Ressurreição de Cristo, que está fundamentada a Esperança e a Fé na nossa própria ressurreição.” E lembrava aos fiéis que enchiam a Sé, para participarem no sufrágio pelos defuntos, as palavras de S. Paulo: “se Cristo não tivesse ressuscitado era vã e inútil a fé, bem como a esperança e, porque pomos nela o fundamento da salvação, seríamos os mais infelizes dos seres – baseávamos a nossa vida numa mentira e numa ilusão”.
Segundo D. Ilídio, “não se pode apresentar a Fé na Ressurreição com uma lógica humana ou com uma sequência de argumentos fundamentados na ciência ou na tecnologia humana. A Fé somente se torna “visível” e real na vida do crente e no sentido que dá à sua própria vida”, vivendo unido a Deus.
“Para quem crê e vive esta relação, a morte biológica é natural, necessária e não seria racional querer manter a imortalidade física que, de si mesma, é caduca, se torna velha e se destina à morte.(…) A morte biológica, é a ultrapassagem do túnel da morte, a passagem para uma etapa nova, como o é, quando refazemos, pela reconciliação e amor, depois do pecado, a relação com Deus e com os irmãos”.
Esta lógica de Deus exprime-a Jesus, no Evangelho, louvando e bendizendo o Pai, porque a torna só compreensível aos pobres e aos simples das Bem-aventuranças. Para eles, “a morte biológica, é morte na vida e não morte da vida”. E D. Ilídio continuava a sua homilia afirmando que “os fiéis defuntos que hoje lembramos morreram na vida terrena para passarem a viver na vida celeste. Era inevitável e melhor para eles morrerem, pois, sem a morte não acediam à Vida, aquela que não conhece mais fins, nem outras mortes. Como às vezes dizemos: fecharam os olhos e disseram adeus ao mundo de cá para poderem viver no além e de forma plena e definitiva, onde Deus é tudo para todos. (…) A Fé na imortalidade significa não acabar na morte e manter a relação e a aliança com quem se ama”. E concluía: “para nós, que ainda vivemos nesta vida, suavizamos a saudade dos que partiram com a relação de amor que mantemos e fortalecemos na relação com Deus, em Quem todos vivemos – eles e nós”.
Num convite final, D. Ilídio afirmava: – “Aprendamos a morrer com a morte de Jesus. Entregou o Seu Espírito – Ele próprio – a Deus, Seu Pai. Assim devemos nós viver a morte: vivê-la como uma entrega de nós próprios, do nosso espírito que agora anima a vida humana e terrena ao Deus da vida e dos vivos. (…) Deixar-se morrer e aceitar a morte – sem eutanásia nem encarniçamento terapêutico – é entregar-se a Deus e confiar n’Ele que nos renova, dando-nos uma nova vida que jamais morrerá, pois Deus estabeleceu que o homem morra uma só vez”.