Um dirigente político alemão referiu nesta Segunda-feira que a credibilidade da Igreja católica foi “gravemente abalada” pelos acontecimentos na Alemanha e pediu à Igreja e ao Papa mais honestidade, refere a AFP.
As declarações foram feitas à estação de televisão germânica ZDF pelo vice-presidente do Parlamento do país, Wolfgang Thierse, que faz parte do Conselho Central dos Católicos Alemães.
O político assinalou que “a consternação dos crentes é enorme” e mostrou-se favorável à discussão sobre o celibato obrigatório dos padres.
Segundo Wolfgang Thierse, “a Igreja deve ser mais honesta e mais severa com ela mesma e isto vale também para o Papa”.
O responsável católico considerou também que “um trabalho de explicação sincera e uma discussão sobre as consequências” dos abusos sexuais seriam mais proveitosos para as vítimas do que as indemnizações.
“Não estou certo que as indemnizações materiais sejam determinantes; creio que se ajudará mais as vítimas tratando muito mais abertamente estes crimes”, referiu.
Wolfgang Thierse afirmou não ter conhecimento de qualquer cancelamento de inscrições nas escolas católicas em Berlim mas sublinhou que esta situação só se manterá se a Igreja fizer “um trabalho de explicação sincero”.
Por seu lado, a Federação da Juventude Católica Alemã, que congrega 15 associações para a infância e adolescência, pediu ao Papa para dar mais explicações sobre os casos de pedofilia.
Estes acontecimentos “preocupam as pessoas, quer elas sejam crentes ou não, e o Santo Padre deveria explicar-se”, disse o presidente daquele organismo, Dirk Tänzler, ao diário Berliner Zeitung, acrescentando que a Igreja católica alemã conhece “uma das suas mais profundas crises existenciais depois de 1945”.
A Igreja católica alemã tem sido abalada desde o fim de Janeiro por escândalos ligados à pedofilia, nomeadamente no coro infantil de Ratisbona e através de alegações de que Joseph Ratzinger, enquanto arcebispo de Munique, teria dado cobertura ao acolhimento de um padre proveniente da diocese de Essen que fora acusado de abusos sexuais.
Neste Sábado, o porta-voz do Vaticano, Pe. Federico Lombardi, emitiu um comunicado em que procurou demonstrar que Bento XVI não esteve implicado nestes dois casos.