Respeito profundo pelo Islão

As explicações do Papa na audiência geral Na audiência geral desta quarta-feira, no Vaticano, o Papa revisitou a sua passagem pela Universidade de Regensburg, a 12 de Setembro, e explicou qual a intenção de fundo da sua intervenção, que tanta polémica gerou desde então: (…) Uma experiência particularmente bela foi, para mim, nesse terceiro dia (da viagem apostólica à Baviera, ndr), apresentar uma prelecção diante de um grande auditório de professores e estudantes da Universidade de Regensburg, na qual, durante muitos anos, leccionei como professor. Pude encontrar mais uma vez, com alegria, o mundo universitário que, durante um longo período da minha vida, foi a minha pátria espiritual. Como tema escolhi a questão da relação entre fé e razão. Para introduzir o auditório na dramacidade e na actualidade do argumento, citei algumas palavras de um diálogo islâmico-cristão do século XIV, com as quais o interlocutor cristão – o imperador bizantino Manuel II Paleólogo -, de um modo incompreensivelmente brusco para nós, apresentou ao interlocutor islâmico o problema da relação entre religião e violência. Esta citação, infelizmente, prestou-se a ser mal entendida. Para o leitor atento do meu texto, no entanto, é evidente que não queria, de modo algum, fazer minhas as palavras negativas pronunciadas pelo imperador medieval neste diálogo e que o seu polémico conteúdo não exprime a minha convicção pessoal. A minha intenção era muito diferente: partindo daquilo que Manuel II dizia, em seguida, de forma positiva, com uma palavra muito bela a respeito da racionalidade que deve guiar a transmissão da fé, queria explicar que não (devem coexistir, ndr) religião e violência, mas que religião e razão caminham lado a lado. O tema da minha conferência – respondendo à missão da Universidade – foi, portanto, a relação entre fé e razão: queria convidar ao diálogo entre a fé cristã com o mundo moderno e ao diálogo entre todas as culturas e religiões. Espero que, em diversas ocasiões da minha visita – por exemplo, quando sublinhei, em Munique, quão importante é respeitar o que é sagrado para os outros – tenha surgido com clareza o meu profundo respeito pelas grandes religiões e, em particular, pelos muçulmanos, que “adoram o Deus único” e com os quais estamos comprometidos em “defender e promover, juntos, para todos os homens, a justiça social, os valores morais, a paz e a liberdade” (Nostra Aetate, 3). Acredito, por isso, que após as reacções do primeiro momento, as minhas palavras na Universidade de Regensburg possam constituir um estímulo e um encorajamento para um diálogo positivo, também autocrítico, seja entre as religiões, seja entre a razão moderna e a fé dos cristãos. (…) Tradução a partir do original italiano

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