Respeito pelos valores da cultura cigana

34º Encontro Nacional da Pastoral dos Ciganos decorreu em Fátima, analisando as novas orientações pastorais nesta área Realizaram-se em Fátima, de 4 a 5 de Outubro de 2007 as Jornadas Nacionais de Informação e o 34º Encontro Nacional da Pastoral dos Ciganos contando com a presença de D. António Vitalino Dantas, Presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana. Participaram cerca de 60 pessoas das Dioceses de Bragança-Miranda, Viana do Castelo, Porto, Aveiro, Viseu, Guarda, Coimbra, Leiria-Fátima, Santarém, Lisboa e Beja. As Jornadas tiveram como objectivo a análise aprofundada e vivencial do documento “Orientações para uma Pastoral dos Ciganos” emanado em Dezembro de 2005 do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, na versão portuguesa publicada em Abril de 2006. Após uma apresentação do documento pelo Director Nacional da Pastoral dos Ciganos, P. Amadeu Dias Ferreira, D. Manuel Felício, Bispo da Guarda e D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro falaram sobre as “Orientações” respectivamente nos seus aspectos teológico – evangelização e promoção humana – e pastoral. Seguidamente os participantes analisaram o documento segundo as suas próprias vivências. Das reflexões, trabalhos de grupo e diálogos entre os participantes, extraímos as seguintes considerações que partilhamos com todos os agentes pastorais e a sociedade civil. 1. Palavras de Bento XVI Foi dado relevo às palavras de Sua Santidade Bento XVI em 23 de Setembro último, por ocasião do I Encontro Mundial de Sacerdotes, Diáconos, Religiosos e Religiosas ciganos, em Roma: o Papa fez votos que o lema do Encontro “Com Cristo ao serviço do povo cigano” se torne cada vez mais realidade na vida de cada um. 2. Evangelização é promoção humana Evangelizar no contexto do respeito pelos valores da cultura cigana é promoção humana, a qual levará os ciganos a serem protagonistas quer do seu próprio desenvolvimento quer da sua evangelização. Neste sentido, uma liturgia que reflicta a cultura cigana e a promoção de vocações ciganas são objectivos a implementar. Desde o I Congresso Mundial da Pastoral dos Ciganos, em 1964, com a intervenção do Papa Paulo VI, a Igreja empenha-se neste processo duplo que implica a luta contra a discriminação dos ciganos. 3. Cultura cigana e inclusão social Um dos valores da cultura cigana é a fidelidade às tradições ciganas. No entanto, sem a inserção nos sistemas de educação e de formação, não se conseguirá a inclusão social dos ciganos; esta é hoje considerada elemento indispensável para o desenvolvimento da sociedade em geral. Dinis Abreu, Presidente da Associação Cigana de Leiria e membro da Direcção da Federação Calhim Portuguesa, que participou nas Jornadas, apoiou totalmente as considerações feitas na análise das “Orientações”, considerando-as superiores a outras análises comuns relativamente ao povo cigano. 4. Igreja cigana entre os ciganos Partindo do princípio de que a cultura cigana não deve ser considerada como um obstáculo à inclusão mas antes, nos seus valores positivos, uma riqueza própria da humanidade, a Igreja deve ser cigana entre os ciganos como S. Paulo se fazia grego entre os gregos e judeu com os judeus. Assim, a pastoral dos ciganos deve ser uma pastoral de fidelidade, de esperança, de paciência, dos pequenos passos, de sintonia, de escuta e cura, não de condenação. A Igreja deve ser samaritana com os ciganos. Para isso deve ir ao encontro deles de coração aberto, visitando-os, escutando-os como a irmãos que são. A Igreja não se deve calar perante as injustiças de que, frequentemente, os ciganos são vítimas. Deve caminhar com os ciganos nas suas dificuldades e nas suas alegrias. 5. A iniciativa e o protagonismo dos ciganos Quer na sua evangelização, quer no seu desenvolvimento, os ciganos devem ser ajudados a assumir a iniciativa e o protagonismo da sua tripla cidadania: cristã, nacional e cigana. A Igreja aos vários níveis da sua organização e não apenas através da Pastoral específica dos Ciganos, deve envolver-se neste esforço. As paróquias deverão dar testemunho do Evangelho acolhendo os ciganos residentes e/ou aqueles que as procuram. A Igreja deve contribuir para abrir as mentalidades dos católicos à não discriminação e à inclusão das populações ciganas na sociedade. 6. Recomendação As Jornadas recomendam que os Secretariados Diocesanos da Pastoral dos Ciganos promovam nas suas Dioceses um dia de reflexão sobre as “Orientações para uma Pastoral dos Ciganos”. Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos Fátima, 5 de Outubro de 2007

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