Resolução do défice público é insuficiente para resolver problemas financeiros

Comissão Nacional Justiça e Paz acompanha actualidade económica de Portugal e do mundo através do blogue «A Areia dos Dias»

A resolução do défice do Estado é insuficiente para resolver os problemas do país, defende um dos membros do “Grupo Economia e Sociedade”, estrutura pertencente à Comissão Nacional Justiça e Paz, da Igreja Católica.

Segundo Manuel Brandão Alves, “não se compreende” que a discussão do défice português adopte uma “lógica redutora” que a centra na discussão da dívida pública, quando é a privada, de “muito maior dimensão” e com “conteúdo de risco muito mais gravoso”, que condiciona as boas soluções para lutar contra o défice público.

O autor também critica o silêncio que se tem verificado quanto às Grandes Opções do Plano, documento que deveria orientar o orçamento de Estado para 2011.

O autor também critica a ausência de uma perspectiva de futuro que enquadre as prioridades de desenvolvimento de Portugal, o que se manifesta no silêncio quanto às Grandes Opções do Plano, documento que, segundo Manuel Brandão Alves, deveria orientar o orçamento de Estado para 2011.

A ausência de uma perspectiva temporal pode também dificultar a resolução dos problemas económicos.

“É comum identificar-se a crise com deficit público, sem se procurar compreender, como as razões de médio e longo prazos o podem explicar e como o planeamento do crescimento e do desenvolvimento podem constituir a única via da sua superação”, escreve Manuel Brandão Alves.

Ainda que as medidas propostas no orçamento sejam inevitáveis, “é completamente diferente tomá-las sem cuidar do que se quer que se passe amanhã, ou procurando preparar e construir, já, esse futuro”, sublinha o autor.

O membro do “Grupo Economia e Sociedade” defende ainda que a esperança é “o condimento central para a obtenção de qualquer solução para a crise” e reprova os comentadores que exprimem pontos de vista segundo os quais “estaríamos chegados ao fundo do poço”.

A opinião de Manuel Brandão Alves é uma dos mais de 30 publicadas no blogue “A Areia dos Dias”, que desde Julho pretende ser “um espaço de reflexão e debate” aberto a quem quiser contribuir “para uma nova economia ao serviço de um desenvolvimento humano e sustentável”.

A contribuição mais recente antevê um conflito “dificilmente superável” entre as medidas a tomar a curto prazo, condicionadas pela “gestão precipitada” de uma economia nacional “à beira do colapso”, e as suas consequências num horizonte temporal mais dilatado.

Depois de advogar que o “objectivo principal da Política Económica reside no aumento da empregabilidade dos trabalhadores nacionais”, Mário Murteira menciona a oposição de duas prioridades de sinais contrários: a contenção do desemprego e a melhoria da produtividade.

O texto questiona “a aptidão” do sistema educativo para aumentar a competitividade da economia portuguesa e refere que há espaço para acções de formação fora do sistema educativo formal, as quais poderiam ser assumidas por novos agentes, como os sindicatos.

Além das “reformas no sistema educativo”, Mário Murteira salienta que é preciso fazer uma gestão prudente do desenvolvimento dos recursos humanos nacionais”, o que implica renovar as “condições actuais do ‘diálogo social’” e operar “uma verdadeira metamorfose sindical”.

O blogue “A Areia dos Dias” apresenta contributos de Cláudio Teixeira, Eduarda Ribeiro, Flamínia Ramos, Isabel Roque de Oliveira, Manuel Brandão Alves, Manuela Silva, Maria Emília Castanheira, Maria José Melo Antunes e Mário Murteira.

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