Após assassinato de 60 pessoas, bispos convocaram um dia de luto para 2 de dezembro
Cidade do Vaticano, 28 nov 2018 (Ecclesia) – O arcebispo de Bangui afirmou que está a decorrer “um massacre de civis inocentes” na República Centro Africana e chamou a “atenção da comunidade nacional e internacional” para esta realidade após visitar Alindao, onde morreram 60 pessoas.
“Devemos dar rapidamente o alerta e intervir para salvar, proteger as crianças, as pessoas mais fracas, os idosos e dar a oportunidade a todos aqueles que se encontram em Alindao de simplesmente seguirem suas ocupações”, disse o cardeal Dieudonné Nzapalainga, que dá conta de crianças a vomitar por terem bebido água contaminada.
O arcebispo de Bangui visitou a cidade de Alindao onde foram mortas “cerca de 60 pessoas” pelo grupo armado da União pela Paz, no dia 15 de novembro, um grupo de refugiados, quase todos cristãos, que foram acolhidos pela diocese e onde foram também assassinados dois sacerdotes.
O bispo católico denuncia que “um pequeno grupo mantém a maior parte da população como refém” e afirma que a comunidade internacional e o Governo da República Centro Africana “fracassaram” na “proteção das pessoas”.
“Há interesses económicos em jogo, interesses geopolíticos. Como religiosos, fortes na esperança cristã, acreditamos que devemos, seja oportuno ou não, bater à porta do coração de irmãos e irmãs, para que eles entendam que os pobres, suas vidas, devem ser respeitados”, desenvolve D. Dieudonné Nzapalainga.
Neste contexto, disse que esperam que a comunidade internacional “queira apoiar as iniciativas de paz” para que os centro-africanos “possam viver assim, em paz, e se considerem como irmãos”.
“Não podemos ficar calados”, disse o arcebispo depois da viagem aos locais do massacre em Alindao, esta segunda-feira, num encontro com jornalistas na capital da República Centro-Africana onde estava com o Imã de Bangui, Oumar Kobine Layama.
Num comunicado divulgado este domingo, a Conferência Episcopal da República Centro-Africana (CECA) convocou um dia de “lamento e oração” para 2 de dezembro, início do tempo do Advento e festa nacional.
A “todos os homens e mulheres de boa vontade” pedem “solidariedade e respeito pela memória das vítimas” e que não façam festa “como um sinal de luto”.
Os bispos católicos lembraram que o primeiro artigo da constituição do país, de 30 março de 2016, estabelece que “a pessoa humana é sagrada e inviolável”.
CB