Representantes de indígenas brasileiros no Vaticano

Dois representantes dos povos indígenas macuxi e uapixana da reserva brasileira Raposa Serra do Sol, em Roraima (Norte do país), Pierangela e Jacir, estiveram hoje na Sala Paulo VI, do Vaticano, onde se encontraram com o Papa e lhe entregaram o seu manifesto, no final da audiência. Jacir José de Souza, de 61 anos, e Pierlangela Nascimento da Cunha, de 32, foram nomeados pelo Conselho Indígena de Roraima como representantes de seus povos. Depois do Vaticano, ambos chegam esta Quinta-feira a Portugal, onde serão recebidos no Parlamento, para prosseguir a sua campanha internacional “Anna Pata, Anna Yan” (Nossa Terra, Nossa Mãe), que procura o apoio de governos, ONG’s e da sociedade civil para a sua causa. A Terra Indígena Raposa Serra do Sol foi homologada pelo presidente Lula a 15 de Abril de 2005, por decreto presidencial, após 38 anos de luta organizada dos povos indígenas para conseguirem a homologação da sua terra. O decreto homologatório estabeleceu o período de um ano (até Abril de 2006) para a retirada de todos os não-indígenas da área mediante contrapartidas do governo federal. No entanto, os fazendeiros recusam-se a sair e continuam a ocupar grandes áreas do local. A campanha decorre em vésperas de uma decisão do Supremo Tribunal Federal do Brasil, que deve pronunciar-se em Agosto sobre um recurso contra o “decreto de Homologação” assinado por Lula. As autoridades de Roraima consideram que as comunidades indígenas são muito pequenas para ocupar tanto terreno – 7% do Estado – e apresentaram um recurso judicial para recuperar parte da terra. Apoio da Santa Sé Terça-feira, 1 de Junho, os representantes indígenas foram recebidos pelo secretário do Conselho Pontifício Justiça e Paz, D. Giampaolo Crepadi. De acordo com Jacir de Souza, ex-coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), o encontro foi uma oportunidade para ressaltar a aliança entre os povos indígenas de Brasil e a Igreja Católica, fundamentada na defesa da vida e dos direitos dos povos indígenas. “A história e organização do movimento indígena em Roraima recebeu apoio de muitos missionários e missionárias nesta caminhada”, disse. D. Giampaolo Crepaldi reconheceu o valor da luta e exemplo dos indígenas da região. “A Santa Sé vem a comprometer-se na defesa dos direitos dos povos indígenas, principalmente no que diz respeito à promoção humana, o reconhecimento de sua identidade cultural e a defesa do direito de propriedade intelectual”.

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