Lisboa, 04 out 2011 (Ecclesia) – A crise actual revela “que se vêm acumulando e agravando as disfuncionalidades do sistema vigente”, escreveu Manuela Silva, membro da Comissão permanente da rede «Economia com futuro», num comentário sobre «Economia portuguesa: uma economia com futuro»
Na última edição do seminário «Agência ECCLESIA», a economista lamenta a “progressiva degradação das condições de vida e de trabalho por parte de largos estratos de população, no desemprego massivo, na inegável insustentabilidade ambiental, na maior desigualdade e elevada concentração de riqueza, etc., disfunções estas que constituem séria ameaça para a própria democracia e para a paz”.
A 30 de Setembro, em Lisboa, realizou-se uma conferência «Economia portuguesa: uma economia com futuro» – promovida pela rede Economia com Futuro – onde várias oradores reflectiram sobre a renovação do pensamento e do discurso económicos e sua aplicação ao conhecimento sobre a economia portuguesa e os seus problemas
Os seus promotores quiseram deixar claro o seu pensamento de que “a economia portuguesa – e com ela a sociedade – não está condenada à estagnação e ao empobrecimento de muitos, nem à desigualdade crescente, pesem embora as dificuldades e perplexidades do momento presente e o temor com que, com razão, são encarados os impactos das medidas de austeridade em curso” – lê-se no comentário.
Para que não se corra o risco “de um tremendo retrocesso civilizacional e de ver emergirem sérios conflitos sociais”, os promotores apontam soluções: “Avançar, com urgência, pelo caminho da democratização da economia, encontrando meios de enquadrar e conter o poder, hoje quase absoluto, do dinheiro e do lucro na condução da economia”.
Esperam os organizadores desta conferência que ela seja o “esboço de um caminho para uma economia com futuro que a muitos convoque para um desígnio comum de prosperidade, equidade e coesão social a bem da democracia e da paz” – frisa o texto de Manuela Silva
Se tal não acontecer, a economista afirma que o perigo reside “na obsessão coletiva com os equilíbrios financeiros e as medidas de austeridade que nos estão a ser impostas, a ponto de paralisar toda e qualquer iniciativa no âmbito da promoção de uma estratégia de desenvolvimento da nossa economia real, que se traduza em mais e mais eficiente produção e na valorização dos nossos recursos, incluindo os recursos humanos desempregados, e na melhoria das condições de vida dos cidadãos”.
LFS