Simpósio celebra 40 anos do documento conciliar Perfectae Caritatis Concluiu-se ontem no Vaticano o Simpósio sobre a Vida Consagrada que assinalou os 40 anos do decreto conciliar ”Perfectae Caritatis”, dedicado aos religiosos e religiosas. O prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, D. Franc Rodé, apresentou uma reflexão sobre as motivações e as consequências do documento conciliar para a renovação da vida consagrada. Segundo este responsável, “houve um radical processo de revisão, que levou ao abandono de posições até então consideradas seguras”. Aos religiosos de todo o mundo, D. Rodé deixou o desafio de “reencontrar sinais e orientações que ajudem todos os consagrados e consagradas a ser, como disse Bento XVI, testemunhas da transfigurante presença de Deus”. O Cardeal Georges Cottier, pro-teólogo da Casa Pontifícia, afirmou por sua vez que a tarefa dos membros de uma família religiosa “é redescobrir o carisma genuíno inerente à intuição do fundador ou fundadora”.Nesse sentido, o ensinamento conciliar convidava a reencontrar nas origens “a fonte divina da vida religiosa, a força renovadora que permanece intacta”. “A intuição dos fundadores vem de Deus, os santos são intérpretes privilegiados do carisma originário. E, considerando que a fidelidade a esse carisma não deve ser uma imitação mecânica, a voz dos fundadores permanece profética, e isso diz respeito à própria natureza da Igreja”, acrescentou. Falta de vocações O Cardeal Cottier levou em consideração, na sua intervenção, a problemática vocacional dentro da vida religiosa. “Pode haver a tentação, frente à escassez de vocações, de acolher candidatos cuja entrada na vida religiosa pode representar uma promoção social ou a saída de uma condição de miséria, e até mesmo para resolver problemas afectivos”, alertou. O tema foi abordado pelo Arcebispo Rodé, para quem “enamorar-se perdidamente por Jesus Cristo é sempre a maior aventura que pode acontecer a um homem ou a uma mulher”. “A quem sente no coração a voz do Espírito que o chama a seguir Cristo sobre o caminho exigente, mas de entusiasmo, da Vida Consagrada, digo que não tenha medo”, apontou. O prelado esloveno questionou-se ainda sobre lugar reservado às formas tradicionais de vida consagrada “se, como se afirma em alguns lugares, o terceiro milénio será o tempo do protagonismo dos leigos, das associações e dos movimentos eclesiais”. “A vida consagrada, recordava João Paulo II, tem uma grande história construída e a construir junto de todos os fiéis. É necessário um alento que volte a dar vigor à radicalidade evangélica, própria da vida consagrada, e uma fantasia da caridade que volta a colocar em andamento o impulso a servir o homem antes de tudo, com a força do Evangelho”, respondeu. Consciente das “provas e purificações” às quais a vida consagrada “está hoje submetida”, o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica reconheceu que “às vezes temos a impressão de que alguns consagrados perderam o sentido profundo da sua consagração, como primeira e absoluta entrega a Deus, substituindo este elemento essencial e fundamental com várias formas de activismo dentro da comunidade eclesial ou dentro da sociedade civil”. Redacção/Zenit
