Religiões recusam a guerra

As religiões recusam a guerra e recusam ser usadas em nome da guerra. Este é o apelo final que sai do encontro internacional organizado pelo Comunidade de Sant’Egídio, em Cracóvia, na Polónia. Um encontro que juntou líderes religiosos e chefes de Estado para juntos reflectirem sobre «Religiões e Culturas em diálogo» e o seu contributo para a paz.

“Falar de guerra em nome de Deus é uma blasfémia. Nenhuma guerra é santa. A humanidade sai sempre derrotada pela violência e pelo terror”.

Os vários líderes religiosos afirmaram que o “diálogo contraria o medo e a desconfiança”, sendo esta a grande “alternativa à guerra”.

Os participantes sublinharam ainda que o diálogo “não enfraquece a identidade mas faz redescobrir o melhor de si e do outro. Nada se perde com o diálogo. O diálogo escreve a melhor história, enquanto o conflito abre abismos”.

No final do encontro os participantes comprometeram-se a construir “com paciência e audácia um novo tempo de diálogo”.

A cidade polaca de Cracóvia foi o palco de um encontro apostado em falar de paz e o contributo que as religiões podem dar. O cenário foi escolhido para assinalar o 70º aniversário do início da 2ª Guerra Mundial e os 20 anos depois do fim da «Cortina de Ferro». O último dia do encontro, que começou no passado Domingo, foi reservado a visitar o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau.

Os participantes do encontro caminharam sobre as linhas de ferros, anos depois de os caminhos terem sido percorridos pelas vítimas. A 2ª Guerra Mundial provocou o maior genocídio na história da humanidade, condenando à morte seis milhões de pessoas, 80% das quais pertenciam à comunidade judaica. 

Chegados ao campo de concentração, os delegados das Igrejas cristãs e das religiões mundiais depositaram uma coroa de flores nos túmulos das vítimas, um gesto “em nome do espírito de Assis”, relembrou o cardeal Stanislaw Dziwisz, Arcebispo de Cracóvia.

“À beira do abismo do Holocausto, no local onde milhões de inocentes perderam a vida, onde o lado negro da história veio ao de cima, nós, homens das religiões mundiais queremos gritar nunca mais”, ouviu-se durante a cerimónia.

O chefe rabino da Polónia, Michael Schudrich, afirmou que “cada vez que nos encontramos, de cada vez que cada pessoa recorda o genocídio nazi, fala sobre o Holocausto ou lembra a morte de judeus, evita-se o risco de que tal cenário possa voltar a acontecer”.

A memória das vítimas do campo de concentração foi evocada para afirmar que “isto não pode voltar a acontecer”, apesar de, lembraram os presentes, “as situações dramáticas no Darfur”.

O Arcebispo Ortodoxo Norvan Zakarian, do Patriarcado Arménio de Etchmiadzin, destacou que estas tragédias, “que aconteceram no coração da Europa, mostram mais uma vez que os crimes que não são conhecidos ou condenados, geram mais crimes e mais catástrofes”.

Segundo o Cardeal Stanislaw Dziwisz, “é preciso inspiração e força para combater o egocentrismo inspirando-se mas tradições espirituais. O egocentrismo pode por em causa o melhor das religiões e da cultura”.

Durante a cerimónia, o sobrevivente de Auschwitz, o rabino de Israel Meir Lau, e Celijla Stojka, uma sobrevivente austríaca, contaram as suas histórias. No final, um rabi recitou a Kaddish, a oração pelos mortos, enquanto que outro rabi tocou a Shofar, geralmente tocada em ocasiões solenes. A cerimónia terminou com desejos de paz e uma homenagem de um grupo de jovens em nome das novas gerações.

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Agência ECCLESIA

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