Religião: Oração mantém atualidade

Especialistas reunidos em Lisboa para jornada de Teologia Prática, na Universidade Católica, destacam várias dimensões que a prática orante continua a assumir

Lisboa, 26 out 2012 (Ecclesia) – O sociólogo Alfredo Teixeira, diretor do Instituto Universitário de Ciências Religiosas da Universidade Católica, disse hoje que a oração é o indicador “mais persistente” da prática religiosa atual.

Este especialista falava durante a 3ª Jornada de Teologia Prática que decorre na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa, juntando personalidades da Igreja, do mundo académico e artistas.

Para Alfredo Teixeira, as “práticas orantes” têm uma marca “extraordinariamente personalizada” num contexto de “recomposição individual do ser”.

Este responsável apresentou aos participantes dados do estudo ‘Identidades Religiosas em Portugal’, de 2011, realizado para a Conferência Episcopal.

A soma dos que dizem rezar todos os dias (um terço dos cerca de 4000 inquiridos) e dos que rezam irregularmente nalguns dias da semana chega a 59,7 por cento do total, incluindo mesmo quem se declara como ‘não crente’.

“A oração parece estar mais do lado do fazer do que do dizer”, justificou Alfredo Teixeira, segundo o qual “a linguagem orante tem uma possibilidade de abertura inaudita ao outro, sem necessitar de uma plataforma dogmática e argumentativa que, porventura, criaria dificuldades”.

O sociólogo e investigador na área da teologia propõe uma compreensão da oração como “abertura ao outro”, lugar de encontro e “experiência de alteridade”.

O padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima, foi outro dos intervenientes na jornada, subordinada ao tema ‘«Quando rezardes, rezai assim» – Sentidos, práticas, figuras orantes’.

Segundo o sacerdote, especialista no campo da liturgia, é preciso evitar uma “clericalização”, à centralidade da assembleia, na qual a Igreja mostra o seu rosto sempre orante”

“A Igreja, reunida em assembleia, é o sujeito visível e imediato de toda a ação litúrgica”, precisou o reitor do Santuário de Fátima, para quem a liturgia “pode e deverá ser uma verdadeira escola de oração”.

‘Práticas orantes’ foi o tema do painel que reuniu o padre António Valério (A oração na rede [passo-a-rezar.net]), Alice Caldeira (Rezar com as pessoas com deficiência) e Helena Presas ([Re]aprender a rezar).

O sacerdote jesuíta falou sobre a experiência de oração “num lugar improvável” como a internet, através do projeto ‘passo a rezar’, considerando “prejudicial” a distinção entre o sagrado e o profano.

O responsável diz que a presença na internet permitiu ir para além do âmbito religioso e católico “tradicional”.

Alice Caldeira, do movimento Fé e Luz, falou da oração perante a “experiência aguda dos limites”, junto de pessoas com deficiência, lembrando a necessidade de um caminho pessoal e comunitário de “acolhimento” desses mesmos limites.

Helena Presas, por sua vez, apresentou um testemunho sobre o grupo ‘rezar a vida’, que acompanha há vários anos, frisando que junto das pessoas com quem começou a trabalhar este tema da oração faltava uma dimensão de “alegria”.

OC

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