XIX Jornadas Teológicas em Braga “Religião: marca de sucesso?” é a provocação lançada para cima da mesa na 19ª edição das Jornadas Teológicas da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional de Braga. A iniciativa, que se realiza entre os próximos dias 27 e 29 de Abril, nas instalações da Faculdade, à Rua de Santa Margarida, em Braga, propõe-se debater as múltiplas formas como os mundos do desporto, da televisão e da publicidade encaram, manejam e se apropriam da esfera religiosa, transformando-a, de acordo com os seus códigos, numa referência social incontornável. Captar as causas e consequências deste fenómeno, para muitos surpreendente, imprevisto e até aparentemente paradoxal, porque enraizado em terreno laico, é, pois, o propósito das jornadas, organizadas pela associação de estudantes e a revista “Cenáculo”, dos alunos da Faculdade de Teologia de Braga. As sessões iniciam sempre às 21.30 horas. As “hostilidades” abrem no dia 27, com a conferência de José Luís Garcia, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, sobre as multiformes ligações, mais ou menos folclóricas, do desporto com a religião, mormente o futebol. Trata-se de perceber se o próprio desporto pode ou não ser encarado como um fenómeno de contornos religiosos. Se, por exemplo, tem ou não uma crença (recorde-se a propósito “És a nossa fé”, o sugestivo documentário de Edgar Pêra sobre o universo das claques em Portugal), uma liturgia própria (atente-se à ritualização dos movimentos na bancada ou dos gestos relacionados com a entrada e saída de futebolistas em campo), uma ética e um público que forma comunidade. Outras questões a debater prendem-se com a contaminação religiosa do discurso jornalístico desportivo, aqui e ali provocando autênticos “curto-circuitos semânticos”, ou o advento de formas de associação religiosa entre os próprios desportistas, como é o caso dos Atletas de Cristo. No dia seguinte, Sara Balonas, técnica de publicidade e docente na Universidade do Minho, discorre sobre a associação de motivos religiosos aos universos publicitário e do marketing, muito em voga. Por outro lado, pretende-se saber por que é que a mensagem religiosa transmitida em formato tradicional muitas vezes não alcança realmente o destinatário, quando o humor é, nesse campo, terrivelmente eficaz. O último dia das Jornadas Teológicas de Braga está reservado à televisão e obedecerá ao formato mesa-redonda. Com moderação de João Aguiar, director da Rádio Renascença, Manuel Vilas-Boas e Joaquim Franco, jornalistas respectivamente da TSF e da SIC, debruçam-se sobre a diluição da fronteira entre o esotérico e o religioso e a dessacralização do fenómeno religioso tradicional, tal como a ” caixinha que mudou o mundo” os reflecte. Tenta-se ainda dar razões para o facto de, numa sociedade e num Estado ditos laicos, se sucederem reportagens sobre as várias formas de consagração religiosa, bem como para o delicado tema da formação religiosa dos jornalistas que tratam da informação religiosa. E qual é, afinal, o papel que cabe à Igreja portuguesa na televisão, nomeadamente após a má experiência da TVI? Miguel Miranda