Religião e sentido da vida aguçou «apetite» de alunos

“A religião e o sentido da existência” foi o tema de uma conferência que decorreu ontem, na Escola Secundária Sá de Miranda e que aguçou o apetite dos alunos que se mostraram interessados na temática religiosa. Os alunos pertencentes a duas turmas daquela escola debateram a temática numa sessão que contou com a presença do jesuíta Francisco Machado e que foi organizado pelo Núcleo de Estágio de Filosofia. Em tom próximo e coloquial, o jesuíta, que em Agosto parte para a China, mostrou-se receptivo às muitas questões levantadas por alunos e professores. No espaço onde decorreu o debate está patente, até amanhã, uma exposição de trabalhos feita por alunos, precisamente sobre as diversas religiões e sobre a busca que fazem do sentido da existência. Apresentando a religião como uma «proposta» e um «convite», o estudante de filosofia afirmou que esta tem a ver com a busca da felicidade humana. Mas, foi peremptório a responder a uma aluna que interrogou sobre a necessidade da religião para alcançar a felicidade, com um redondo «não». E aclarou: «há pessoas que são felizes e nunca ouviram falar de Deus como há pessoas religiosas profundamente infelizes». Alguém do meio da plateia inquiriu o orador se ao estudar filosofia «nunca duvidou da existência de Deus». Perante a resposta afirmativa, Francisco Machado disse que «as dúvidas são boas e fazem as pessoas andar para a frente». Perante a proposta da máxima “a fé não se discute”, o jesuíta apresentou a sua refutação dizendo que a fé em si mesma é «aberta», «disponível ao diálogo» e permite «discussão e troca de ideias». Francisco Machado, que no início da intervenção esclareceu as três palavras chave da conferência (religião, sentido e existência), não se cansou de apresentar «o tesouro da fé cristã» em que acredita mas não fechou, igualmente, as portas e os horizontes às restantes confissões religiosas. E contou, inclusivamente, que na sua comunidade dos jesuítas encontrou um colega que era budista e depois entrou para a Companhia de Jesus. «Faz ioga todos os dias», revelou ao auditório, salientando o esforço que se tem feito, nos últimos tempos, no diálogo inter-religioso. A distinção entre Religião e Igreja, a homossexualidade, o celibato foram também questões levantadas pelos presentes às quais o jesuíta da comunidade Pedro Arrupe de Braga respondeu. Além disso, a explicitação do pensamento de Karl Marx (representada num dos quadros presentes na exposição) que considerava a religião «ópio do povo», foi feita pelo jesuíta, afirmando que a intenção do autor era destruir algo, neste caso a religião, que ele não entendia como essencial para a existência da pessoa humana.

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