Lisboa, 24 jan 2014 (Ecclesia) – A diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, Sandra Costa Saldanha, afirmou que a relação da Igreja com a Ciência está “desaproveitada”.
Falando a propósito do debate que, em torno da investigação científica, que se “intensifica” nos últimos dias, a responsável reflete sobre a forma como “em matéria de ciências humanas, tem beneficiado a Igreja”.
“Creio mesmo que se desaproveita – arriscando uma expressão tão contundentemente na ordem do dia – o “retorno científico” desse processo, resultante da transformação do conhecimento em resultados concretos, assente em anos de trabalho e projetos qualificados”, escreve Sandra Costa Saldanha no editorial da mais recente edição do semanário digital ECCLESIA.
“Centrada no conhecimento que, de longa data, um vasto leque de profissionais produz em torno do património religioso, mesmo quando focados em interesses mais ou menos vocacionados para os desideratos eclesiais, Igreja e Ciência tardam a conciliar-se neste domínio”, refere.
Sandra Costa Saldanha lamenta a “clara a dicotomia entre as instituições”, naquilo que se verifica “um alheamento confrangedor, face a um trabalho que se generaliza como não inteligível, ou restrito a um meio académico fechado”.
Algo que a diretora do secretariado nacional dos bens culturais da Igreja considera como um “equívoco” porque um profissional de mérito dirige eficazmente o seu discurso a qualquer tipo de público (…) desvendando caminhos e difundindo saberes, potencia também a valorização do seu âmbito de estudo, consequente e essencial, no processo de salvaguarda e estima coletiva”.
Em causa estão “dificuldades de comunicação e acesso”, mas, sobretudo, “o subaproveitamento dos resultados, cujos frutos – se colhidos – em muito potenciariam a ação da própria Igreja”, sendo que na maioria dos casos acabam por se repetir “publicações duvidosas, ausentes de massa crítica, que nada acrescentam às comunidades que fruem esse património”, escreve.
MD