Relação de Galileu e o Vaticano apresentada em livro

O Vaticano apresentou esta Sexta-feira, o livro «Galileu e o Vaticano». Esta é uma publicação que oferece um “juízo objectivo por parte dos historiadores” para compreender a relação entre Galileu e a Igreja. Na apresentação do livro esteve presente o presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, D. Gianfranco Ravasi, que considerou que esta obra facilita à Igreja o estabelecimento de um compromisso “com uma relação mais vivaz e pacífica com a ciência”. Os autores da obra são Mario Artigas, que faleceu em 2006, professor de Filosofia da Ciência em Barcelona e na universidade de Navarra, e D. Melchor Sánchez de Toca, subsecretário do Conselho Pontifício para a Cultura. Entre 1981 e 1992, explicou D. Gianfranco Ravasi no prólogo deste livro, João Paulo II instituiu uma Comissão do caso de Galileu, precedida pelo cardeal Gabriel-Marie Garrone e assistida pelo chanceler da Academia Pontifícia das Ciências, o dominicano Enrico di Rovasenda. O então secretário de Estado Vaticano, o cardeal Agostino Cesaroli, sugeriu ao presidente desta comissão voltar a examinar “toda a questão em torno de Galileu em plena fidelidade aos factos historicamente documentados, em conformidade com as doutrinas e a cultura do tempo e reconhecer realmente os erros e razões de onde provinham” A comissão tinha quatro ramos: o exegético, dirigido pelo então arcebispo de Milão, o Cardeal Carlo Maria Martín; o cultural, a cargo do Cardeal Paul Poupard, antigo presidente do Conselho Pontifício para a Cultura; o científico-epistemológico, com o Pe. George Coyne, antigo director do Observatório Astronómico Vaticano; e a secção histórica dirigida por D. Michele Maccarone, antigo presidente do Comité Pontifício de Ciências Históricas. O livro procura reconstruir e narrar o trabalho que esta comissão realizou, “com momentos de grande fervor, mas também com dispersões e pausas, óbvias em instituições como estas”, constata D. Ravasi, que afirma que esta comissão serviu para colocar um ponto final no “erro subjectivo dos julgamentos de Galileu, incapazes de distinguir entre o dado da fé, ou seja, a verdade necessária para a salvação espiritual” e o “contexto expressivo, ligado a uma cosmologia contingente, então vigente e de tipo tradicional”. O Presidente do Conselho para a Cultura assegurou que este trabalho se tornara importante para “deixar para trás os escombros de um passado infeliz, gerador de uma trágica e recíproca incompreensão”. Graças ao trabalho da comissão, João Paulo II reconheceu, a 31 de Outubro de 1992, numa declaração os erros cometidos pelo tribunal eclesiástico que julgou os ensinamentos científicos de Galileu Galilei. D. Ravasi recorda também que Bento XVI quis evocou Galileu, neste ano dedicado à astronomia, tanto durante o Angelus de 21 de Dezembro de 2008, data do solestício de Inverno, como na solenidade da Epifania de 6 de Janeiro de 2009, quando falou da estrela dos magos. “No entanto, o caminho a seguir para o diálogo entre ciência e fé é ainda longo, inclinado e cheio de obstáculos, e exige respeito mútuo”, destacou D. Ravasi. Em Dezembro passado, o arcebispo Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, propôs Galileu como “padroeiro ideal para um diálogo entre ciência e fé”. Redacção/Zenit

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