Presidente do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes considera viagem «gesto concreto de solidariedade e de proximidade»
Cidade do Vaticano, 13 abr 2016 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes (Santa Sé) afirmou que a visita que o Papa Francisco à Ilha grega de Lesbos, este sábado, dá destaque ao “problema migratório na Europa”.
“É um momento em que a Europa, com o recente acordo com a Turquia, continua a levantar barreiras, a fechar as fronteiras e a ferir os direitos fundamentais dos migrantes, refugiados e pessoas que pedem asilo”, denuncia o cardeal António Maria Vegliò, em declarações à Rádio Vaticano.
Para o arcebispo italiano, trata-se de um acordo “míope” que não permite uma “gestão dos fluxos migratórios no respeito da pessoa” e alerta para a necessidade de “dar vida” a canais humanitários seguros que permitam “um controlo de fluxos migratórios e vigiar o respeito dos direitos fundamentais da pessoa”.
Segundo o presidente do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, esta necessidade é firmada claramente na viagem apostólica do Papa a Lesbos, este sábado, que na companhia do patriarca de Constantinopla e pelo arcebispo de Atenas e de toda a Grécia (ambos da Igreja Ortodoxa) é “um gesto ecuménico cristão”.
“A política migratória dos governos tem necessidade de visão e coesão por meio de ações destinadas a pôr fim às causas das ‘viagens da esperança’ de milhares de pessoas que muito frequentemente se transformam em ‘viagens da morte’”, observa.
O arcebispo assinala que a ilha de Lesbos, como a de Lampedusa, se tornou “um dos rostos” da atual crise humana, com milhares de homens, mulheres e crianças, “muitas vezes sozinhos”, em fuga das “guerras e perseguições políticas e religiosas”.
Essas costas marítimas, acrescenta o prelado, são “símbolo de esperança” depois de “viagens irregulares e dramáticas” com o desejo de pedir asilo.
“A visita do Papa é um sinal concreto da sua proximidade aos migrantes e refugiados e coloca novamente em primeiro plano o problema migratório na Europa”, frisa.
O antigo núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) nos Estados Unidos da América, denuncia ainda que em Lesbos, como noutros lugares de desembarque, as condições para um acolhimento adequado “são insuficientes”.
D. António Maria Vegliò revela que Francisco quer “atrair a atenção do mundo inteiro” para o “dever de oferecer” acolhimento, respeito e “a tutela da dignidade de quem é obrigado a partir”.
“Olhando nos olhos as pessoas em fuga, cuja sorte é decidida, frequentemente, com acordos cínicos, ignorando as verdadeiras razões na base da sua tragédia”, observa ainda o presidente do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes.
CB/OC