Refugiados: Vaticano defende aposta em «medidas preventivas»

Política assistencialista é insuficiente, apontou o representante da Santa Sé junto das Nações Unidas

Genebra, Suíça, 02 out 2014 (Ecclesia) – O representante permanente da Santa Sé nas Nações Unidas defendeu esta quarta-feira em Genebra a implementação de medidas internacionais que permitam contrariar o número crescente de pessoas refugiadas ou deslocadas no mundo.

Numa intervenção feita durante os trabalhos da 65.ª sessão do Comité Executivo do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, enviada hoje à Agência ECCLESIA, o arcebispo Silvano Tomasi sublinhou que “atualmente, o número de pessoas forçadas a cair nesta situação é o mais elevado desde a II Guerra Mundial”.

Segundo aquele responsável católico, nas últimas décadas o fenómeno ganhou também “uma maior complexidade devido à intervenção de outros agentes, que não os Estados, nos conflitos”, com um resultado muitas vezes “imprevisível”.

D. Silvano Tomasi aponta que, perante esta conjuntura e apesar do esforço da comunidade internacional, são cada vez “menores” as possibilidades das nações em acolherem e apoiarem os refugiados e deslocados.

“Um quadro como este deveria levar a refletir acerca da urgência de desenvolver medidas preventivas que evitem que as pessoas continuem a ser forçadas a abandonar as suas casas para sobreviver”, apontou.

Passar de uma política de “assistência” para uma estratégia de “prevenção”, acrescentou o representante da Santa Sé na ONU, implica “uma mudança cultural onde a pessoa humana, com a sua inviolável dignidade e os seus inalienáveis direitos, concentre todas as atenções e não sirva apenas como um mero instrumento para as decisões económicas e políticas”.

“Esta perspetiva requer da parte da comunidade internacional uma reformulação de métodos e de estruturas de prevenção, de assistência humanitária e de estratégias de desenvolvimento a longo prazo”, acrescentou.

O arcebispo concluiu a sua mensagem encorajando todos os países, comunidades de acolhimento e benfeitores que hoje dão mostras de uma “extraordinária generosidade” para com os refugiados e deslocados, muitas vezes também com “grande sacrifício”.

Deixou ainda o apoio do Vaticano para o “desenvolvimento” de “parcerias” que “a nível global” permitam ajudar a resolver este problema, tendo como base a “solidariedade humana”.

“Atender aos anseios do número crescente de deslocados e daqueles que buscam refúgio” é um “imperativo moral que deriva do facto de todos juntos formamos uma só família humana”, sustentou D. Silvano Tomasi.

JCP 

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Agência ECCLESIA

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