Servas de Nossa Senhora de Fátima alertam para caso da família Albakour
Lisboa, 16 jan 2017 (Ecclesia) – O sírio Abdelhadi Albakour chegou a Portugal ao abrigo do programa de acolhimento, mas o seu coração ainda está na Turquia, com a sua mulher e mais três filhos que não viram a sua situação desbloqueada.
“Se eu não conseguir trazê-los para cá, agradeço muito a ajuda, muito obrigado a Portugal, muito obrigado Europa, muito obrigado, mas eu vou voltar. Há guerra na Síria? Sim, mas ao menos vou ver a minha mulher e os meus filhos”, realça Abdelhadi.
O desabafo deste refugiado sírio, ao microfone da Agência ECCLESIA, tem a ver com a morosidade que o processo de reunificação com a sua família está a ter.
Quando chegou ao nosso país, garantiram-lhe que a situação da sua esposa iria ser resolvida em breve, no entanto os meses estão a passar e a palavra de ordem tem sido esperar.
“Ainda ontem falei com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e disseram-me que tenho de aguardar mais um pouco”, aponta Abdelhadi.
O refugiado sírio chegou a Portugal na companhia do seu filho mais velho, Almehdi, de oito anos, através da Plataforma de Apoio aos Refugiados e de uma instituição de acolhimento, neste caso a Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima.
Na Turquia deixou a sua mulher, na altura grávida e por isso incapaz de fazer a travessia de barco até à Grécia, e mais dois filhos pequenos.
“Como o Abdelhadi diz, a primeira palavra que aprendeu em Portugal foi espera, espera. E eu já não consigo mais dizer a ele espera. Por tudo, por uma família estar dividida, porque este menimo está a precisar urgentemente da mãe, porque este pai é pai, é mãe, trabalha e faz tudo e é impossível continuar a viver assim ”, frisa a irmão Mafalda Leitão, superiora da congregação.
A busca de emprego tem sido outro dos desafios de Abdelhadi, pois até agora apenas tem conseguido pequenos biscates de mecânico, ele que na Síria era técnico de manutenção de máquinas ligadas à indústria alimentar.
Para a irmã Mafalda Leitão, etapas como a legalização das pessoas, da reunificação familiar, do emprego, têm de ser agilizadas de modo a que o processo de acolhimento e integração dos refugiados em Portugal possa ser bem-sucedido.
“Se a integração já ao princípio não é bem-feita, o que é que pode ser para nós? Como se diz em bom português, pode sair-nos o tiro pela culatra, estarmos a trazer pessoas e depois não ser bom nem para eles nem para nós, e para eles em primeiro lugar, nós estamos nas nossas casas” alerta a religiosa.
O caso de Abdelhadi Albakour foi um dos destaques da edição mais recente do programa ‘70×7’, na RTP2, dedicada ao Dia Mundial do Migrante e Refugiado.
JCP
