Refugiados: Santa Sé defende que «cooperação internacional não pode limitar-se à ajuda financeira»

Arcebispo D. Ettore Balestrero falou na 75ª sessão do Comité Executivo do Programa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados

Foto: ACNUR

Genebra, Suíça, 16 out 2024 (Ecclesia) – O observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas e de outras organização internacionais em Genebra, na Suíça, exortou hoje a ultrapassar “todas as tentações de indiferença” face aos refugiados.

“A Santa Sé continua preocupada com o número de mortes ao longo da Rota Atlântica, com a persistente situação dos refugiados Rohingya e o número crescente de travessias no terreno traiçoeiro da floresta de Darién, incluindo o número crescente de menores não acompanhados”, afirmou o arcebispo Ettore Balestrero, na 75a sessão do Comité Executivo do Programa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, que decorre em Genebra, na Suíça.

O observador permanente da Santa Sé juntos das Nações Unidas defende que estas tendências “exigem uma reação concreta” e obrigam “a ultrapassar todas as tentações de indiferença”.

D. Ettore Balestrero realçou que o mundo está “a atravessar um período de angústia e um dos seus um dos seus sintomas é a deslocação de extraordinária magnitude a que a comunidade internacional está a assistir”, evocando os conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia, bem como o número o número significativo de “outras emergências humanitárias”, que “obrigaram milhões de pessoas a fugir”.

No discurso, o arcebispo deu conta que a “Santa Sé exprime a sua gratidão aos países que abriram as suas fronteiras aos refugiados, apesar dos desafios e das dificuldades muitas vezes sentidas pelas populações” e que está “igualmente grata a todos aqueles que trabalham contra o tráfico de seres humanos e outras práticas que violam a dignidade humana”.

“No entanto, as comunidades de acolhimento não devem ser deixadas à sua sorte. Os esforços coletivos e concertados e a solidariedade são essenciais”, salientou.

Para o arcebispo, “a cooperação internacional não pode limitar-se à assistência financeira, que é muitas vezes insuficiente, mas deve incluir compromissos alargados em matéria de reinstalação e de vias complementares para os refugiados”.

O observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas e de outras organizações internacionais em Genebra considerou que, “no meio da incerteza e do abandono em que se encontram os refugiados, estas soluções podem oferecer-lhes um farol de esperança e a perspetiva de um futuro seguro e positivo para si e para as suas famílias”.

O arcebispo garantiu que a “Igreja Católica, através de centenas das suas instituições em todo o mundo, continua profundamente empenhada em trabalhar incansavelmente para que os refugiados, quando chegam, encontrem na Igreja um lugar acolhedor onde possam saciar a sua fome e a sua sede e, ao mesmo tempo, recuperar a esperança”.

“Os refugiados, quando lhes é oferecido o acesso a oportunidades de trabalho justas e equitativas, podem tornar-se agentes de desenvolvimento e enriquecer as comunidades que os acolhem. Em particular, as crianças refugiadas precisam de ter acesso à educação”, sublinhou.

Na intervenção, D. Ettore Balestrero mostrou ainda o reconhecimento da Santa Sé pelos esforços da Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) em resolver o “problema da apatridia, que continua a afetar significativamente a vida de milhões de pessoas”.

“A minha delegação deseja encorajar os Estados a empreenderem reformas legais e políticas para resolver eficazmente o problema da apatridia e para evitar que os migrantes e refugiados se tornem apátridas”, expressou.

O arcebispo deu ainda conta que chegou até ao conhecimento da delegação que “vários documentos, políticas e programas, desenvolvidos pelo ACNUR sem consulta prévia a todos os Estados, incluem linguagem não consensual e conceitos que não têm uma definição acordada ao abrigo do direito internacional”.

“A Santa Sé continua preocupada com esta prática, que distorce o debate entre os Estados e procura impor uma interpretação unilateral de certos conceitos, como o de ‘género’ e de ‘diversidade’. A Santa Sé deseja deixar registado o seu desacordo e a sua dissociação de tal interpretação e prática”, frisou.

No final, o observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas encorajou os representantes dos Governos reunidos em Genebra” a trabalharem incessantemente para silenciar o barulho das armas que geram a morte e para extinguir a violência, o egoísmo e o orgulho que se alimentam no coração da humanidade, a fim de erradicar as causas profundas das deslocações”.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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