Refugiados: Quando a primeira paragem em Portugal é o Santuário de Fátima

A história da devoção de Terez, Jina e Jizel, avó, filha e neta que chegaram da Síria

Lisboa, 17 jan 2017 (Ecclesia) – Terez, Jina e Jizel, três mulheres sírias, respetivamente avó, filha e neta, chegaram a Portugal há cerca de cinco meses acolhidas pela Paróquia de Santa Isabel, em Lisboa, mas a sua primeira paragem foi o Santuário de Fátima.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Leonor Cardoso, do Conselho Pastoral da Paróquia de Santa Isabel, recorda a “emoção total” que tomou conta das três refugiadas sírias que, sendo “cristãs”, sabiam “muito pouco sobre Portugal” mas “conheciam Nossa Senhora de Fátima”.

“Elas sempre tinham tido esse interesse, de saber a história dos pastorinhos, e a Gina, que faz anos a 13 de maio, largou num pranto mesmo e foi de facto muito emocionante”, conta aquela responsável.

Assim, os primeiros dois dias em Portugal foram vividos “intensamente”, com a participação na “procissão das velas” e das restantes cerimónias.

“Foi como que um milagre”, considera Jina Aboud Al Aashi, que na Síria costumava pesquisar coisas sobre Fátima no youtube e tinha como objetivo ir um dia à Cova da Iria, ao local das “aparições” de Nossa Senhora.

“Quando vim para Portugal pensei que talvez no mês seguinte pudesse ir mas quando cheguei a Lisboa fizeram-nos esta surpresa, eu comecei a chorar, senti-me como se estivesse nas nuvens”, salienta.

Da vida na Síria, Jina e a sua mãe Terez recordam um quotidiano em fuga permanente, aos bombardeamentos e à violência, e o drama de verem a pequena Jizel, agora com oito anos, crescer naquele ambiente de horror.

Um dos momentos mais difíceis que viveram foi quando um autocarro escolar, cheio de colegas e amigos de Jizel, foi atingido por uma bomba.

A criança só não vinha lá dentro porque a escola onde andava ficava perto de casa.

Outro momento dramático foi a travessia do mar para a Grécia, que tentaram por três vezes sem sucesso.

“A primeira vez o barco virou-se e tivemos de nada de volta, a segunda a polícia apanhou-nos, a terceira estava a chover muito e os contrabandistas queriam que atravessássemos mas ninguém queria. Ficámos sete horas à espera, com muita gente aflita, a chorar, à quarta tentativa conseguimos atravessar”, relata Jina.

Com esta história para trás das costas, estas refugiadas sírias só pensam agora em retomar as suas vidas e construir um novo futuro.

Segundo Terez, elas encontram esperança nos “sorrisos” que vão encontrando junto da comunidade portuguesa que as acolheu.

Pode conhecer mais acerca da história destas três refugiadas sírias cristãs, que foram acolhidas pela Paróquia de Santa Isabel em Lisboa, na edição mais recente do programa 70×7, que teve como pano de fundo o Dia Mundial do Migrante e Refugiado.

JCP

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Agência ECCLESIA

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