Cardeal Jean-Claude Hollerich fala em «vergonha»
Fátima, 12 ago 2021 (Ecclesia) – O cardeal Jean-Claude Hollerich, presidente da Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE) criticou hoje em Fátima a política comunitária para os refugiados, mostrando-se “muito preocupado”.
“É inadmissível que haja grandes concentrações de refugiados nas fronteiras”, disse o arcebispo do Luxemburgo, que vai presidir à peregrinação internacional de agosto, na Cova da Iria, dedicada aos migrantes.
Segundo o responsável católico, estas pessoas vivem em “situações desumanas”.
“Fechamos os olhos, deixamos fazer, pagamos para que as pessoas não entrem na União Europeia e, ao mesmo tempo, falamos de valores europeus”, lamentou, em conferência de imprensa.
Temos vergonha deste discurso que é tão diferente da política real em relação aos refugiados. Mesmo os acordos internacionais não são cumpridos”.
O presidente da COMECE questionou, por exemplo, a expulsão de pessoas para as fronteiras exteriores da União Europeia sem ver quem tem direito de asilo, à luz da Convenção de Genebra.
“Isso é muito grave”, declarou.
O arcebispo do Luxemburgo sustentou que a Igreja Católica deve ser “a consciência da Europa”, alertando para as notícias diárias do Mediterrâneo, com vários mortos.
“As pessoas que estão nas embarcações perdem a fé na Europa”, indicou.
O cardeal Hollerich sublinhou que a solução não pode passar por empurrar quem tenta chegar à Europa “para a Líbia ou a Turquia”.
“Se não sabemos reagir com humanidade, perderemos a nossa própria humanidade”, advertiu.
A este respeitou, elogiou o “compromisso com os refugiados” que existe em Portugal e no Luxemburgo, país onde a Igreja Católica acolheu duas famílias do campo de Moria, uma cristã do Curdistão e uma muçulmana do Kuwait.
Questionado sobre a mensagem que traz aos participantes na peregrinação internacional de agosto, na Cova da Iria, D. Jean-Claude Hollerich deixou votos de que os peregrinos mostrem uma “fé viva”.
“Têm elementos, na sua vida, que são de uma grande beleza”, observou, falando no amor dos portugueses à família e aos vizinhos.
O arcebispo do Luxemburgo sublinhou que, por causa das pessoas com dupla nacionalidade, a presença e a influência dos portugueses no país “são maiores do que a estatística permite perceber”.
O responsável falou de uma “dupla identidade, de quem se sente português no Luxemburgo e luxemburgueses em Portugal.
OC