Refugiados: Papa pede cultura de «fraternidade»

Numa visita ao Centro Astalli em Roma Francisco exortou institutos religiosos a abrirem os seus «conventos vazios» a quem mais precisa

Cidade do Vaticano, 11 set 2013 (Ecclesia) – O Papa destacou esta terça-feira a importância da criação de uma cultura de fraternidade entre todos os homens, durante uma visita ao Centro Astalli, instituição jesuíta em Roma que presta apoio a refugiados.

Segundo o serviço informativo do Vaticano, depois de escutar a história de vida de algumas pessoas que estão ali a ser acompanhadas, Francisco salientou que cada um daqueles testemunhos “falam de dramas de guerra, de conflitos” mas transportam ao mesmo tempo “uma riqueza humana e religiosa, uma riqueza a ser acolhida, não para ter medo”.

“Não há que ter medo da diferença” mas antes “viver a fraternidade” – “Quantas vezes as pessoas levantam a voz para defenderem os seus direitos, e quantas vezes mostram-se depois indiferentes aos direitos dos outros?”, questionou o Papa.

Ligado ao Serviço dos Jesuítas para os Refugiados, criado em 1980, o Centro Astalli começou por ser um polo de acolhimento temporário mas passou gradualmente a apostar num maior acompanhamento e na reinserção social dos utentes.

Para Francisco, “não basta dar o pão se não vem acompanhado da possibilidade de aprender a caminhar com as próprias pernas”, uma “caridade que deixa o pobre como está não é suficiente”, deve assegurar a plena “integração” dos mais desfavorecidos.

Todos os dias, o refeitório do Centro Astalli enche-se com “cerca de 400 pessoas” em busca de “uma refeição quente” – só no ano passado, a instituição atendeu mais de 34 mil pessoas.

Realçando que “a hospitalidade e a fraternidade podem abrir uma janela para o futuro”, Francisco agradeceu e destacou o trabalho que a Companhia de Jesus tem vindo a realizar junto dos refugiados e deslocados, diante daqueles que “estão em dificuldades”.

Chamou ainda a atenção para a importância da ação junto dos mais necessitados não ser entregue apenas a “especialistas” mas ser vista como uma missão de toda a Igreja, parte essencial da formação dos sacerdotes e religiosos e da pastoral das paróquias, dos movimentos e grupos eclesiais.

Neste âmbito, o Papa dirigiu-se de forma “particular” aos “institutos religiosos”, convidando-os “a ler seriamente e com responsabilidade os sinais dos tempos” e a colocarem os seus recursos ao serviço dos que mais precisam.

“Os conventos vazios não servem para serem transformados em albergues para a Igreja ganhar algum dinheiro, eles não são da Igreja, são para a carne de Cristo, que são os refugiados”, referiu Francisco, desafiando as ordens religiosas a “praticarem a hospitalidade com generosidade e coragem”.

“A misericórdia verdadeira, aquela que Deus dá e ensina, pede a justiça, pede que o pobre encontre o caminho para não ficar como está e pede à Igreja, às instituições, que trabalhem para que ninguém fique em situação de necessidade, de uma refeição, de um abrigo, de um serviço de assistência social, e todos vejam reconhecido o direito a viver, a trabalhar, a ser pessoa em plenitude”, concluiu.

JCP

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