Refugiados: Igreja Católica critica «manipulação» social que tem levado à «hostilidade perante quem chega»

Responsáveis do CCEE por este setor pastoral na Europa estiveram reunidos em Estocolmo, na Suécia

Foto CCEE

Estocolmo, 16 jul 2018 (Ecclesia) – Os responsáveis católicos pela pastoral dos migrantes e refugiados na Europa criticaram em Estocolmo, na Suécia, a “crescente politização” e “manipulação” da opinião pública que tem marcado o tratamento deste tema no território.

“Comunicar acerca da mobilidade humana, e todos os seus dramas, mas também aquilo que tem de belo e de rico, deve ser encarado como uma missão crucial da Igreja Católica”, referiram os bispos e delegados deste setor, durante um encontro anual do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE).

Num comunicado final enviado hoje à Agência ECCLESIA, os participantes no evento apontam o dedo às “numerosas notícias falsas” que têm sido lançadas nos media e “distorcido a realidade” de uma questão que é sobretudo “humana”.

“A migração não é apenas um assunto económico, social, demográfico, cultural e político” e ao passarem essa mensagem “o resultado é evidente: as pessoas esquecem o direito inalienável que cada pessoa tem à sua dignidade”, pode ler-se.

Os diversos intervenientes do encontro em Estocolmo, realçaram depois a necessidade de a Igreja Católica apostar na comunicação e na informação para “inspirar” a sociedade a um ambiente de maior acolhimento face aos migrantes e refugiados.

E para fazer face a um contexto que “não poucas vezes tem espalhado a confusão e mesmo a hostilidade face a quem chega”.

“Como é que comunicamos, como é que informamos as pessoas, como é que formamos as comunidades católicas de modo a terem a perceção correta acerca da temática das migrações? Que ferramentas é que utilizamos? Como é que podemos testemunhar o muito que de bom já está a ser feito na Europa, com o contributo também da Igreja Católica?”, foram algumas das interpelações deixadas.

Um dos sinais da manipulação da opinião pública, segundo a CCEE, reside na instrumentalização que foi feita da “crise económica”, para passar a mensagem de que “os governos deveriam de cuidar primeiro dos seus cidadãos, em vez dos migrantes”.

Sobre o papel dos media, os responsáveis católicos consideraram que eles “nem sempre têm abordado com a devida competência toda a complexidade que envolve a mobilidade humana”.

Durante a reunião atual dos membros do CCEE, que decorreu na Suécia entre 13 e 15 deste mês, os intervenientes frisaram ainda “a urgência de quem está a cargo da pastoral das migrações investir mais na formação de comunicadores e no uso das redes sociais”.

“Demasiadas vezes tem-se corrido o risco de usar de forma acrítica expressões emprestadas de outros protagonistas, ou de outras áreas como a política, a sociologia e a economia, o que acabou por gerar a confusão e o medo. Narrar de forma apropriada a mobilidade humana requer um compromisso renovado por parte da Igreja”, acrescentaram.

Em Estocolmo, os bispos e delegados da área pastoral das Migrações, do CCEE, encontraram-se com representantes da Cáritas sueca e também com responsáveis pela área das Migrações e dos Refugiados no Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, do Vaticano.

E ficou claro o empenho da Igreja Católica em “trabalhar com os diversos intervenientes da sociedade civil – mas sem ambiguidades – no sentido de promover uma cultura de encontro” na Europa e no mundo, e em especial face aos migrantes e refugiados.

Para convergir com as linhas que já foram traçadas pelo Papa Francisco em quatro palavras: “Acolher, proteger, promover e integrar”.

Nesta reunião em território sueco estiveram presentes, entre outros responsáveis, o secretário da comissão do CCEE para a Pastoral Social, padre Luis Okulik; e o secretário-geral do CCEE, o padre português Duarte da Cunha, e Eugénia Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações.

O anfitrião foi o cardeal Anders Arborelius, bispo de Estocolmo e que é também atualmente o coordenador da secção das Migrações dentro da estrutura do Conselho das Conferências Episcopais da Europa.

JCP

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Agência ECCLESIA

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