Refugiados: «É possível construir algo novo a partir desta crise», diz responsável da Cáritas Grécia

Christos Ananiadis destaca bons exemplos de colaboração nascidos das dificuldades

Lesbos, Grécia, 24 fev 2017 (Ecclesia) – Christos Ananiadis está atualmente à frente de vários projetos da Cáritas Grécia junto dos refugiados colocados no país, e destaca a necessidade de a partir desta crise humana se construir uma sociedade mais “aberta”.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, aquele responsável mostra-se convicto de que das ‘cinzas’ do atual contexto, muito difícil, “é possível construir algo novo para todos”.

Não só para os milhares de refugiados que acorreram à Grécia, e que agora “enfrentam uma espera prolongada”, mas também para o povo grego envolto numa “grave crise económica” e para um mundo a precisar de “viver de forma pacífica”.

“Ao ajudarmos damos um bom exemplo, que podemos ajudar-nos a nós mas também aos outros, é um exemplo que o mundo precisa neste momento”, frisa aquele membro da Cáritas helénica.

Desde que os fluxos de refugiados se tornaram mais intensos, há cerca de dois anos, já passaram pela Grécia mais de um milhão de pessoas.

Muitas conseguiram rumar a outras paragens, mas outras, desde que foi assinado um tratado entre a Turquia e a União Europeia, limitando a entrada de refugiados para o Velho Continente, tiveram de ficar em campos de refugiados, na Ilha de Lesbos e outros pontos do território, à espera de uma solução.

A regularização da situação, nomeadamente a obtenção de documentos, “leva muito tempo” e muitos dos que chegam a sair “nem sequer sabem o país para onde vão”.

“Eles querem muito regressar aos seus países, quando voltar a paz, estão ansiosos por isso. Mas por agora eles e os seus filhos vivem um futuro que não escolheram”, reconhece Christos Ananiadis.

Paz e educação para os filhos são as principais prioridades para estas pessoas e irão para “qualquer país onde encontrem isso”.

No entanto, há também o outro lado, daqueles que têm como objetivo integrarem-se na sociedade grega.

“É verdade que há diferenças culturais, mas pelos migrantes mais antigos vemos que eles, com o tempo, acabam por se integrar, com o nosso apoio e das atividades que vamos promovendo”, conta o responsável de projetos da Cáritas grega, destacando aqueles que mostram vontade em “retribuir junto da comunidade local o acolhimento que tiveram”.

“Muitos têm formação e podem contribuir em várias áreas, ajudar também na crise que a Grécia atravessa. Na dificuldade, tornamo-nos mais criativos e encontramos novas formas de vida, de trabalhar”, considera Christos Ananiadis.

O responsável é um dos entrevistados na mais recente edição do Semanário ECCLESIA, publicada hoje, que recolhe seis dias de reportagem em território helénico, acompanhando uma comitiva da Cáritas Portuguesa.

HM/JCP

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