Em 1999 foi inaugurado, em Portugal, o Centro de Acolhimento para os Refugiados e até ao momento “já acolheu cerca de nove centenas de refugiados” – disse à Agência ECCLESIA Isabel Sales, Directora do Centro de Acolhimento do Conselho Português para os Refugiados (CPR), situado na Bobadela (Lisboa). Apesar do nosso país não ser muito atractivo para os Refugiados, Isabel Sales realça que “não há nenhuma razão específica para esta situação” até porque Portugal recebe muitos imigrantes. Sendo um país periférico e com condições económicas “não muito favoráveis”, Portugal não tem “leis demasiado rígidas” para acolher estas pessoas que pedem apoio. O CPR promoveu, dias 29 e 30 de Novembro, na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa) o VII Congresso sobre “Refugiados: novos desafios para o século XXI”. Esta iniciativa pretende alertar os “instrumentos internacionais” porque “há uma radicalização de posições de vários Estados” – confidenciou à Agência ECCLESIA Teresa Tito de Morais, Presidente da direcção do CPR. Os controlos das fronteiras e algumas interpretações “menos justas” sobre a situação dos refugiados “pedem-nos que exista uma certa inovação e criatividade”. Ao reflectir sobre estas problemáticas, o CPR alerta para a necessidade das entidades que decidem sobre estes assuntos que aprofundem estas “problemas humanitários” – disse Teresa Tito de Morais. À sociedade civil, a presidente do CPR pede que intervenha com “mais força”. Ao fazer referência às entidades governamentais, a presidente do CPR adianta que há uma “visão humanista do problema” mas isso “não chega”. “É preciso contribuir mais e ter influência na política europeia” – desabafou. Funcionamento do Centro Acolhimento para Refugiados Os requerentes de asilo pedem apoio ao Estado português e, geralmente, são encaminhados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Cerca de 80% dos pedidos feitos em Portugal são “encaminhados para o nosso centro” – frisou Isabel Sales. Depois do primeiro passo recebem as pessoas durante alguns meses. Neste período o Centro de Acolhimento do Conselho Português para os Refugiados dá alojamento, géneros alimentícios e subsídios para refeições porque “existem culturas muito diferentes” e “gostos gastronómicos divergentes”. Com vários protocolos, os «acolhidos» fazem, logo no início, uma despistagem de doenças infecto-contagiosas e se “notamos indícios de torturas enviamo-los para o centro de apoio a vítimas de torturas” – realça a Directora do Centro de Acolhimento do Conselho Português para os Refugiados. O novo Centro – inaugurado em Outubro passado – tem capacidade para 34 pessoas. Feita a integração – demora alguns meses devido às barreiras linguísticas – “tentamos encaminhá-los a nível laboral”. A aprendizagem da língua é fundamental para entrarem no mercado de trabalho. “Temos uma professora de português que lhes ensina a nossa língua” – explica Isabel Sales. Destas centenas de refugiados que Portugal recebeu a maioria são do continente africano. “Muitos eram da Serra Leoa” – avançou a Directora do Centro de Acolhimento do CPR. E acrescenta: “Agora vêm muitos dos países de Leste” e também “da América Latina”. Ao nível de razões apontadas para o pedido de asilo feito ao Estado Português são variados. “Uns por razões políticas outros por razões de narcotráfico”. Notícias relacionadas •Portugal deve saber acolher os refugiados •Portugal não é atractivo para os refugiados