Disse cardeal-patriarca de Lisboa na visita ao Serviço Jesuíta aos Refugiados
Lisboa, 12 dez 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa visitou esta sexta-feira o centro de acolhimento do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) em Portugal onde escutou testemunhos “agradecidos” de migrantes e refugiados e assinalou que sociedade pode “crescer com esta realidade”.
“É importante acolher e encaminhar para que a integração, mesmo que provisória, seja feliz porque são pessoas que com história muito difíceis”, comentou D. Manuel Clemente aos jornalistas depois de ouvir testemunhos de pessoas que “estão todas agradecidas ao JRS, ao acolhimento e encaminhamento”.
Para o cardeal-patriarca de Lisboa o trabalho do JRS e outras instituições é também necessário como fator de motivação da sociedade porque “pode ser uma oportunidade para quem chega e para os portugueses” que também vão “crescer com esta realidade”.
“Tudo o que sirva para nos abrirmos mais aos outros e fazer nosso os seus problemas, ajuda-nos a crescer e em humanidade”, acrescentou.
Neste contexto, observou que há disponibilidade “para fazer mais” a partir dos testemunhos de refugiados e migrantes que escutou.
“É interessante que algumas pessoas referiam que tinham encontrado, até não sabendo da língua, disponibilidade das pessoas para indicarem serviços. Testemunhos de bom acolhimento e colaboração imediata”, desenvolveu D. Manuel Clemente.
Às imagens dramáticas de refugiados que tentam chegar à Europa o prelado considera que “são uma interpelação” a não deixar que pela sua recorrência “acabem por se tornar um espetáculo”.
“Creio que instituições como o JRS pela experiência que têm no terreno alertam-nos e às vezes reduzimos a casos e são pessoas”, alertou D. Manuel Clemente.
O cardeal-patriarca de Lisboa comentou também que atentados terroristas, como os de 13 de novembro em Paris, originam mais dificuldade de acolhimento e manifestou “preocupação” com “certos movimentos de opinião pública e até eleitorais” que resultam em forças xenófobas e extremistas.
“Não vão resolver nada nessa atitude mas agravar problemas e temos de reforçar mais a atitude de esclarecimento e compromisso numa solução verdadeiramente humanitária”, acrescentou.
Neste contexto, D. Manuel Clemente constatou que os esses atentados, segundo as informações divulgadas, “são na generalidade” feitos por europeus, “às vezes de segunda e terceira geração”.
“Temos de nos perguntar como integramos essas famílias na sociedade europeia ao ponto de não criamos ambiente propícios a essas atuações e desvios. Estes refugiados vêm à procura de encontrar condições que não têm nas suas terras e, até, um dia voltarem”, salientou.
O diretor-geral do JRS – Portugal explicou que o cardeal-patriarca de Lisboa foi “conhecer a realidade do trabalho” que desenvolvem no contexto dos 35 anos de existência deste serviço no mundo.
“Acreditamos que é possível contribuir para que se possa minorar o sofrimento de tantos refugiados no mundo e cujos direitos são todos os dias violados e correm riscos de vida”, disse ainda André Costa Jorge à Agência ECCLESIA.
O responsável fez um “balanço muito positivo” do processo de acolhimento e integração dos 15 refugiados que acolheram já um mês vindos dos Egito, “cerca de quatro famílias da Síria e Eritreia, com oito crianças”.
“Pessoas com grande vontade na aprendizagem da língua, as crianças têm feito um muito bom processo de integração escolar, no Colégio S. João de Brito”, revelou ainda o diretor-geral do JRS – Portugal.
JCP/CB