Refugiados: Acolhimento é «instintivo» quando existe a «cultura da misericórdia»

D. António Couto defende maior formação cristã para saber como reagir diante de quem sofre

Bragança, 16 jan 2016 (Ecclesia) – O bispo de Lamego afirmou esta sexta-feira, na abertura do XVI Encontro de Animadores Sociopastorais das Migrações, que o acolhimento dos refugiados tem de acontecer de forma “quase instintiva”, a partir de uma “cultura da misericórdia”.

“Não estamos preparados, não sabemos como reagir, nem dentro da Igreja nem na política”, referiu D. António Couto, acrescentando que “falta a cultura da misericórdia”.

“Nós dizemos que vivemos num mundo cristão e católico, no nosso país, quase toda a gente se diz católica, mas no fundo as pessoas não têm quase nenhuma formação, não sabem o que é ser cristão, da Bíblia não conhecem quase nada, de textos dos Magistério nada conhecem, de textos litúrgicos também não”, referiu o bispo de Lamego.

“Temos de aprender a ser como um hebreu, que é um passageiro, que anda de margem para margem. E só quem anda de margem para margem, quem faz essa experiência, quem vive assim é que está apto a acolher o outro”, sustentou.

Para D. António Couto, o problema dos refugiados na Europa é uma “questão essencial”, a exigir “capacidade rápida, quase instintiva” na reação das sociedades.

“Falta-nos ter um coração maternal e uns braços para colher os nossos irmãos que vivem em condições muito más. Nós vemos isso e não somos sensíveis”, sustentou em declarações aos jornalistas.

“Há da parte do mundo ocidental alguma desorganização, muita lentidão, quando deveríamos reagir mais pelas emoções, devíamos ser rápidos. O caso dos nossos irmãos refugiados não pode ficar para amanhã, tem de ser resolvido hoje e agora”, alertou.

D. António Couto fez a comunicação de abertura no XVI Encontro de Animadores Sociopastorais das Migrações sobre o tema “Viver a misericórdia. Fundamentos bíblicos”.

A celebração da Eucaristia do Dia Mundial do Migrante e Refugiado, transmitida pela RR, e a abertura da Porta Santa no Santuário de Nossa Senhora da Balsamão encerram os trabalhos do encontro, que decorrem no Seminário de São José, em Bragança.

PR

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