Os ministros da Agricultura e Pescas da União Europeia (UE) debatem hoje, em Bruxelas, a reforma do açúcar com os países da África, Caraíbas e Pacífico (ACP), nomeadamente o impacto que terá a liberalização dos mercados. A Rede de Fé e Justiça África-Europa (AEFJN) já referiu que vai procurar alertar os europeus, ao longo de 2005, para as injustiças existentes na reforma do mercado do açúcar na UE. Este organismo, de que fazem parte 44 Institutos religiosos e missionários católicos, é membro da Plataforma Europeia para a Segurança Alimentar. Segundo a AEFJN, os responsáveis políticos e os agentes económicos deve entender que “um preço mais baixo não significa necessariamente um preço justo”. A reforma deste sector, sob proposta da Comissão Europeia datada de 14 de Julho de 2004, defende que a lugar aos produtores dos mercados onde a produção sai mais barata, como o Brasil ou a Tailândia. Os religiosos asseguram que “a reforma não somente conduzirá à liquidação de cerca de 30% das explorações europeias da beterraba como também atingirá os agricultores dos países da África subsariana, das Caraíbas e do Pacífico e de outros PMD (Países Menos Desenvolvidos)”. A AEFJN considera que, no futuro próximo, os países ACP perderão os seus acordos preferenciais do açúcar em relação à UE, o seu sector de açúcar tornar-se-á cada vez mais inviável e os únicos a beneficiar da reforma proposta serão as indústrias europeias utilizadores de açúcar, uma vez que irão obter o açúcar que necessitam a um preço mais baixo. “Se a obtenção do preço mais baixo possível do açúcar no mercado mundial significa a perda de rendimentos de milhares de agricultores na Europa e na África e a paralisia do desenvolvimento dos países africanos, então este preço baixo não é justo”, acusam os religiosos. Em 2003 e 2004 a AEFJN colaborou na construção de uma plataforma de 150 grupos oriundos da sociedade civil que trabalham juntos com vista à elaboração de uma proposta de reforma que seja justa para os agricultores tanto europeus como africanos. Esta Plataforma Europeia para a Segurança Alimentar reúne sindicatos agrícolas, associações de consumidores, ONG’s de desenvolvimento, sindicatos de trabalhadores e organizações com preocupações ambientalistas de 7 países da UE. A Plataforma propõe que se eliminem todas as formas de subsídios às exportações causadoras de “dumping” e que se suprimam as exportações dos excedentes do açúcar europeu. AAEFJN tem membros a trabalhar em África e na Europa, promovendo “relações económicas justas” entre os dois continentes.
